PM britânico garante a homólogo irlandês determinação em concluir acordo pós-'Brexit'
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, garantiu hoje ao homólogo irlandês, Micheál Martin, estar determinado em concluir um acordo de comércio com a União Europeia, cujas negociações vão ser retomadas na segunda-feira.
Durante um encontro em Belfast, na Irlanda do Norte, Boris "reiterou a determinação do Reino Unido em chegar a um acordo", refere um comunicado, mas recusa aceitar certas condições impostas por Bruxelas para se comprometer em matérias como o ambiente, mercado laboral e apoios estatais.
"O Reino Unido não está disposto a assumir condições equitativas que vão para além das normalmente encontradas num Acordo de Livre Comércio, como o acordo da UE com o Canadá", disse.
Em declarações à estação pública irlandesa RTÉ, Micheál Martin disse que ambos concordaram na necessidade de celebrar um acordo que permita trocas comerciais sem tarifas nem quotas porque essa seria "a melhor solução possível para a UE, Reino Unido e empresas localizadas na ilha da Irlanda".
O Reino Unido deixou oficialmente a União Europeia, da qual a República da Irlanda faz parte, no final de janeiro, mas o comércio entre as duas partes permanece regido até 31 de dezembro pela legislação europeia, data em que são concluídas um novo acordo de comércio.
Em caso de ausência de acordo em 31 de dezembro, quando acaba o período de transição, o comércio entre o bloco e o Reino Unido passará a fazer-se de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), que preveem tarifas aduaneiras significativas.
Este cenário seria muito arriscado para a República da Irlanda, que faz fronteira com a província da Irlanda do Norte.
Londres e Dublin querem a todo o custo evitar um retorno à fronteira física entre as duas Irlandas devido aos compromissos dos acordo de paz para a Irlanda do Norte, que preveem livre circulação entre os dois países.
A sétima ronda de negociações decorre em Bruxelas entre 18 e 21 de agosto.
Em julho, Londres admitiu existirem "áreas de desacordo substanciais" entre as duas partes.
Além do processo do 'Brexit', Johnson e Martin "discutiram a importância de trabalhar juntos como vizinhos para derrotar o coronavírus".