Milhares em protesto na Bielorrússia
Milhares de pessoas estão hoje a formar cordões humanos nas ruas de Minsk para denunciarem a repressão violenta das manifestações de contestação dos resultados das eleições de domingo, que mantiveram no poder o Presidente Lukashenko, noticia a AFP.
Segundo os jornalistas da agência France-Presse, as multidões, com flores ou balões brancos nas mãos, acompanhadas pelas buzinas dos motoristas, reúnem-se em longos cordões de dezenas ou centenas de pessoas, dependendo do local, próximo das lojas, ao longo das avenidas ou nos arredores das estações de metro.
No total, milhares de pessoas aderiram a este tipo de ação na capital, enquanto nas redes sociais se multiplicam as imagens de encontros semelhantes no país.
Há também relato de greves em empresas e fábricas no país.
No centro histórico de Minsk, na rua Nemiga, reuniram-se 100 pessoas e as mulheres, muitas vezes vestidas de branco, seguravam flores, corações ou cartazes nas mãos.
"Ontem (quarta-feira), vi mulheres de branco. E pensei, quero fazer isso. Somos contra a violência, as explosões, somos a favor de eleições honestas", explicou Nastia, de 26 anos, artista no setor digital.
Elena, uma professora de 41 anos, disse que protesta para que "acabem as torturas na prisão, para que todos os detidos sejam libertados", após a prisão de cerca de 6.700 pessoas desde domingo com os protestos contra a reeleição de Alexander Lukashenko.
Em outras partes da capital, os cordões humanos transformaram-se em marchas.
Esta forma de mobilização, lançada na quarta-feira por dezenas de mulheres vestidas de branco, até agora não desencadeou uma repressão violenta como a que visou as manifestações noturnas.
Milhares de pessoas manifestam-se em toda a Bielorrússia desde domingo, exigindo uma recontagem dos votos que deu no domingo ao Presidente Alexander Lukashenko uma vitória esmagadora com 80% dos votos.
A principal candidata da oposição, Sviatlana Tsikhanouskaya, cujas ações de campanha atraíram multidões de eleitores frustrados com o Governo autoritário de 26 anos de Lukashenko, terá obtido apenas 10% dos votos.
A polícia reprimiu os protestos com cassetetes, gás lacrimogéneo e balas de borracha, granadas atordoantes e outros meios. Um manifestante morreu na segunda-feira em Minsk e muitos ficaram feridos.
A Rádio Liberdade informou que mais um homem morreu num hospital na cidade de Gomel, sudeste do país, após ser detido pela polícia.
A repressão aos manifestantes gerou duras críticas na comunidade internacional.