Pelo menos 19 civis mortos em ataques na República Democrática do Congo
Pelo menos 19 civis morreram no domingo, durante uma incursão da milícia da Cooperação para o Desenvolvimento em vários locais do nordeste da República Democrática do Congo (RDCongo), relataram hoje autoridades locais.
Segundo a agência Efe, a ofensiva da milícia da Cooperação para o Desenvolvimento (Codeco) aconteceu nas aldeias de Lisey, Liberia e Tchulu, na província de Ituri
"Até agora foram encontrados 19 corpos", disse o governador da província de Ituri, Jean Bamanisa, citado pela agência noticiosa, sublinhando que o "balanço ainda é provisório".
À mesma agência, o líder da sociedade civil em Ituri, Jean Bosco Lalo, afirmou que os autores do ataque mataram 19 civis na manhã de domingo, tendo várias casas sido incendiadas, levando a que a população ficasse "num estado de desordem".
Lalo considerou que os civis "foram brutalmente massacrados" e reprovou a inação da polícia das forças de segurança das Nações Unidas na RDCongo (Monusco).
"Vamos organizar marchas [de protesto]. Isto é demais", vincou o líder da sociedade civil.
Por seu lado, o governador da província de Ituri, Jean Bamanisa, pediu à população para se manter calma e "continuar a ter confiança no Exército, que está no terreno".
As mortes acontecem uma semana depois de alguns milicianos terem assinado um acordo de paz com as autoridades.
Conhecida pelo seu subsolo rico em minerais, em especial devido à abundância de ouro, Ituri torna-se um alvo apetecível para as incursões destas milícias.
Com forte presença em Ituri, a Codeco é um grupo armado constituído pela comunidade lendu.
Criada como uma estrutura de apoio financeiro aos agricultores lendu, foi transformando-se progressivamente que enfrenta a comunidade hema (pastores), um outro grande grupo étnico na região.
No final de Abril, os ataques da Codeco provocaram cerca de 50 mortos, tendo a Organização das Nações Unidas (ONU) considerado, em Maio, que os assassinatos podem ser considerados como crimes contra a humanidade.
O conflito entre lendu e hema remontam ao final da década de 1990, quando as tropas ugandesas na RDCongo, presentes devido à Segunda Guerra do Congo (1998-2003), decidiram colocar os hema, um grupo minoritário, encarregue da administração de Ituri.
Esta questão étnica deu início ao "conflito de Ituri" que, segundo a ONU, provocou 50 mil mortos.