Madeira

Sector turístico "vai perder muito" por não ter acesso ao layoff

Secretário regional do Turismo subiu hoje até ao Monte para assinalar o regresso dos carreiros. Eduardo Jesus falou sobre a realização de testes à chegada - que se vão manter - e criticou o Governo da República por não ter mantido o layoff por mais tempo, sobretudo no sector turístico

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Eduardo Jesus foi esta manhã ao Monte assinalar a retoma da actividade dos carreiros. Na zona de partida da mítica descida em carros de cesto, o secretário regional do Turismo falou à comunicação social e lançou algumas farpas ao Governo da República, que pôs termo ao regime simplificado do layoff, o que poderá trazer más notícias ao sector.

Segundo o governante, com a mudança de regime "há opções que têm de ser tomadas" por parte dos empresários e "foi uma pena muito grande o regime do layoff simplificado não se ter mantido pelo Governo da República por mais tempo, principalmente no sector do turismo e tudo o que movimenta em seu redor".

"[Os empresários] Sofreram uma grande paragem e têm uma quebra de actividade muitíssimo acentuada. Mereciam da parte do Governo da República uma atenção diferente, não só aqui na Madeira, mas também em todo o mercado continental, em especial no Algarve, que tem uma actividade muito sazonal - o que não é nosso caso. Penso que é um sector que vai perder muito pelo facto de não ter acesso ao layoff simplificado. As novas opções que se colocam têm a ver com quebras de facturação de 40% ou 50% e com a redução no horário de trabalho, que estão em cima da mesa há poucos dias e os empresários têm agora de optar", verificou.

A subida ao Monte por parte do responsável máximo pelo turismo, na Madeira, também serviu para que ficássemos a saber que a Região tem verificado, nas suas duas principais portas de entrada, que “entre 50% a 55%” dos turistas chegam “com os testes feitos”, sobretudo de países como França e Alemanha.

“Há uma tendência cada vez maior das pessoas procurarem a oferta que existe, na realização de testes, para os fazer antecipadamente antes da viagem”, referiu o governante em alusão a uma decisão que “torna mais confortável e mais confiável” toda a viagem até ao arquipélago. Eduardo Jesus aproveitou então para vincar que “estamos a assistir a um crescimento de pessoas que chegam cá com o teste já realizado”.

A Madeira não seria a mesma sem esta experiência dos carrinhos de cesto a descer o Monte. É quase como um ícone do destino. Eduardo Jesus, secretário regional do Turismo

Madeira está "na linha da frente" para receber navios de cruzeiro

Depois de falar sobre a porta de entrada aérea, o secretário regional do Turismo não se esqueceu da ponte marítima que a Madeira estabelece com outros territórios por via da chegada e partida de navios de cruzeiro no Porto do Funchal. Sobre esse mercado - fundamental para os carreiros, no Inverno - Eduardo Jesus diz que o regresso dos paquete dependerá de várias circunstâncias, mas garante que a Madeira está "na linha da frente, porque tem procura para essa fase".

“Ninguém vai querer se meter num barco sem ter a certeza de que naquele espaço, confinado e sem alternativa durante alguns dias, não estão estabelecidas condições. Por isso é que a indústria tem vindo a adiar sucessivamente o início, por várias razões. Primeiro, por estas medidas que tem de implementar e, segundo, porque depende dos mercados de onde provêm essas pessoas”, mencionou, acrescentando que “num só cruzeiro estão pessoas de vários continentes, onde a diversidade, no que diz respeito ao controlo pandémico, é muito grande”.

Não é uma decisão que vá depender da Madeira. Vai depender da indústria. A indústria aponta para Setembro o seu reinício e a Madeira estará na linha da frente, porque tem procura para essa fase. Agora, se a indústria entender que tem condições para arrancar em Setembro arranca, mas se surgir algum dado que os faça mudar de opinião, a Madeira fica refém dessa decisão. É muito ao contrário do transporte aéreo. As pessoas coabitam dentro do mesmo espaço durante vários dias. É essa a grande diferença. Eduardo Jesus, secretário regional do Turismo

"Uma das experiências mais deliciosas"

O governante acabou por descer em carro de cesto pelo Monte abaixo, mas antes de partir fez questão de relevar a importância dos carreiros para a promoção turística do destino.

“O reinício desta actividade demonstra muito aquilo que é o turismo. A Madeira não seria considerada como é, em termos turísticos, se não tivesse esta experiência. É das coisas mais deliciosas que existem, com maior tradição e com uma presença desde meados do século XIX (…) Vim cá, não só para testemunhar este momento, como também para entusiasmar e deixar uma palavra de esperança para os dias que se seguem”, vaticinou.

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