Coisas estranhas da pandemia
Vivemos tempos difíceis. Verdade. Mas enquanto povo devíamos ser tratados com dignidade
Confesso que, esta pandemia que estamos a atravessar, todos os dias coloca-me interrogações em relação a muitas notícias que vão surgindo, tipo casos do dia, para as quais somos informados do acontecimento, mas muitas vezes ficamos sem saber o seu desfecho.
A primeira tem a ver com o facto da mortalidade, dita normal, ter aumentado bastante durante o período da pandemia mas continuamos a não ter nenhuma morte diagnosticada devido à mesma. É no mínimo estranho que não exista uma explicação para tal facto que é preocupante, e que desmente inclusive o Secretário da saúde que no início das conferências de imprensa diárias, afirmava que isso estava a acontecer no Continente mas que na Madeira os dados até eram ao contrário. Afinal até parece que foram piores. Porquê? Em vez de estarem preocupados em colocar um “pano” na cara, que protege o mínimo dos mínimos, deviam preocupar-se mais com este assunto, que este sim tem muito mais significado, e pode explicar mortes muito mal explicadas…
Quem tem estado atenta/o às noticias ao minuto, ou mesmo às que vêm relatadas nas páginas dos casos do dia, depara-se cada vez mais com “idoso entrou em paragem cardiorrespiratória e morreu no Funchal” ou então, “ mulher encontrada cadáver em Gaula”, ou “ mulher encontrada sem vida em Santo António”, ou “ homem encontrado sem vida na Nazaré”, ou “ idosa encontrada morta em Machico”, ou “ encontrado corpo a boiar no Porto Novo”, ou “ judiciária investiga cadáver encontrado no Caniçal”, ou, Idoso entrou em paragem cardiorrespiratória no Funchal”, ou “ homem encontrado morto no Caniço”, ou, “ homem morre após cair do sétimo andar do hospital”, ou, “ segurança esfaqueado em Câmara de Lobos”, etc, etc…
Não me lembro de ter conhecimento de tanta gente a morrer de “repente” como costumamos dizer em linguagem popular. Há alguma coisa que anda a falhar. Para quem vive só, e são cada vez mais as pessoas nessa situação, este tipo de notícias é arrepiante a passa tudo pela cabeça. Depois admiram-se do aumento das depressões e doenças mentais.
Vivemos tempos difíceis. Verdade. Mas enquanto povo devíamos ser tratados com dignidade. O Governo devia dar uma boa explicação para estes acontecimentos e não tentar fingir que nada se passa e que é tudo normal. Tanta polémica, mal feita, diga-se de passagem, sobre as chamadas máscaras de pano, vulgo comunitárias. A comunicação é um desastre. Por mais assessores/as que o governo possa ter os governantes não aprendem o mínimo de comunicação. Acham-se muito inteligentes e dispensam conselhos. Depois vêm com cartazes, feitos para as criancinhas com menos de cinco anos. Pior emenda do que o soneto. O povo não é burro precisa é de ter governantes que não os trate enquanto tal. Precisamos de ter certeza se nos estão a falar a sério ou se existe mais alguma coisa que não nos queiram dizer. Eu acho que a mortalidade deste estranho 2020 não é normal. Tem que existir uma explicação plausível e séria. Precisamos dela com urgência.
E já agora não seria mau explicar a insistência de levar e efeito eventos, que, naturalmente juntam muita gente, numa época de pandemia, e que pelo facto de continuarmos em Estado de calamidade, pura e simplesmente deviam ser proibidos. Porque não o são? Que poder têm esses Lobby para conseguirem causar prejuízos a muita gente incluindo ao próprio turismo cujos empresários já reclamam? Ficamos à espera das respostas até porque o que está em causa é muito sério.