Tráfego aéreo gerido pela NAV Portugal caiu mais de 50% no primeiro semestre
As Torres de Controlo nos aeroportos da Madeira e do Porto Santo registaram quedas superiores a 50% no tráfego aéreo
A NAV Portugal geriu 8.537 voos (IFR1) em Junho deste ano e registou uma quebra de 87,9% face ao mesmo mês de 2019, quando foram controlados mais de 70 mil movimentos.
Mas apesar dos valores continuarem bastante abaixo do ano passado, é de salientar que de Maio para Junho, registou-se um crescimento superior a três mil voos em Portugal.
Olhando para o acumulado do primeiro semestre, fica notório o forte impacto na aviação das medidas tomadas para a contenção da pandemia da Covid-19, já que entre Janeiro e Junho, a NAV controlou 179.542 voos no céu sob responsabilidade portuguesa, isto quando nos primeiros seis meses de 2019 tinham sido 393 mil. Numa análise mês a mês, verifica-se que nos dois primeiros meses do ano - Janeiro e Fevereiro - o tráfego controlado pela NAV estava em linha com os números de 2019, mas a partir de Março, com o gradual avanço de medidas de combate à disseminação da pandemia, incluindo encerramentos e limitações de espaços aéreos, o tráfego entrou em queda abrupta.
Em Março, a NAV geriu 42.177 mil voos (-35% em comparação com março de 2019) e em Abril pouco mais de quatro mil (-94%), tendo este sido o mês com menos movimentos em todo este período, iniciando-se uma tímida recuperação desde então, já que em maio a NAV controlou 5.408 movimentos (-92%) e em junho 8.537 (-88%).
Evolução semestral por Torre
Olhando individualmente para cada uma das Torres de Controlo da NAV, entre Janeiro e Junho deste ano, o Algarve sentiu a maior retração relativa de tráfego. Faro contabilizou 9.692 movimentos (IFR) nos primeiros seis meses do ano, menos 70,9% que no período homólogo. No lado oposto, encontram-se o aeroporto de Cascais e de Santa Maria, que registaram quebras de apenas 31% no período. Já nas duas Torres de Controlo da NAV Portugal com maiores níveis de tráfego, Lisboa registou menos 55,4% de movimentos no primeiro semestre do ano, com apenas 47.031, e o Porto menos 56,2%, fechando o período com 21.160 voos. Também as Torres de Controlo nos aeroportos da Madeira (-56%), Porto Santo (-50,7%) e Ponta Delgada (-50%) registaram quedas superiores a 50% no tráfego, com 5.445 movimentos no Funchal, 5.710 em São Miguel e 608 no Porto Santo. Já na Horta e nas Flores o tráfego caiu 44% e 49%, para 2.832 e 399 movimentos no primeiro semestre respetivamente.
Evolução semestral por RIV
Quanto à evolução do tráfego dividido por cada uma das duas regiões de informação de voo5 (RIV) controladas pela NAV, a quebra foi mais sentida na RIV Lisboa. Esta RIV, com 671.000 km2 e que inclui Portugal Continental e o Arquipélago da Madeira, incluindo o céu sobre a costa portuguesa e o Atlântico até às ilhas madeirenses, acumulou uma quebra de 56,1% no tráfego entre Janeiro e Junho, caindo de 313,9 mil movimentos para 137,7 mil.
Já na RIV de Santa Maria, que totaliza 5,18 milhões de km2 e inclui uma vasta área do Oceano Atlântico Norte e o Arquipélago dos Açores, a quebra foi de 47,3%, com os 79,2 mil voos realizados no primeiro semestre de 2019 a darem lugar a 41,7 mil no mesmo período deste ano. Tal como se verifica em relação aos dados globais de tráfego, tanto na RIV de Lisboa como na RIV de Santa Maria, o nível mais baixo de tráfego foi atingido em março, com os valores a melhorarem ligeiramente desde então, numa recuperação que se deve intensificar em julho.
Os primeiros dias do mês, aliás, já dão sinais disto mesmo: No último fim-de-semana de junho a Torre de Controlo do aeroporto do Porto geriu 91 partidas/chegadas, ao passo que no primeiro fim-de-semana de Julho o total subiu para 223. Já a Torre de Lisboa passou de 151 movimentos no fim-de-semana de 26/27 de Junho para 362 partidas/chegadas no fim-de-semana de 4/5 de Julho.