Verba libertada pelo Governo para sector dos vinhos do Douro é insuficiente
A Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP) disse hoje que os três milhões de euros disponibilizados pelo Governo para mitigar os prejuízos causados pela pandemia de covid-19 são insuficientes, mas um "início positivo de trabalho".
"Esse valor é insuficiente para o conjunto das três medidas por nós defendidas, mas entendemos ser um início positivo de trabalho", destaca, em comunicado, a associação.
O Governo vai disponibilizar três milhões de euros dos saldos de gerência do Instituto do Vinho do Douro e Porto (IVDP) para o armazenamento do Vinho do Porto, mitigando os prejuízos causados pela pandemia de covid-19.
A Ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, esteve hoje reunida, em Lisboa, com membros do Conselho Interprofissional do IVDP para discutir a situação do setor na região demarcada do Douro (RDD).
"Na reunião foi anunciado pela governante a disponibilização de três milhões de euros provenientes dos saldos de gerência do IVDP para a criação de uma medida de armazenamento específica para o Vinho do Porto denominada Reserva Qualitativa", indicou, em comunicado, o Ministério da Agricultura.
A AEVP pede a totalidade do saldo de gerência existente no IVDP e proveniente do pagamento de taxas e selos, no valor de 10 milhões de euros.
"Esperamos que o empenho demonstrado nesta primeira autorização de descativação seja estendido à totalidade do saldo de gerência pois só com os 10 milhões [de euros] (...) será possível termos as soluções que a RDD exige e merece", defende o comunicado.
A associação esclarece também que, "apesar dos membros da direção da AEVP que estiveram presentes [na reunião] serem conselheiros do Conselho Interprofissional do IVDP, não foi nessa qualidade que foram recebidos e por tal não pode ser afirmado que a ministra da Agricultura reuniu com membros do Conselho Interprofissional".
A AEVP destacou ainda que as medidas apresentadas para a "minimização da crise" são três e "não são nem alternativas nem dissociáveis".
"Em primeiro lugar necessitamos de uma medida de destilação de crise específica para os vinhos do Douro. É fundamental que para receber os vinhos da vindima de 2020 tenhamos possibilidade de poder encontrar uma solução para os vinhos existentes em armazém da vindima de 2019", assinala.
A segunda medida para enfrentar a pandemia de covid-19 é a "reserva qualitativa de Vinho do Porto que se destina a minimizar a quebra de rendimento do viticultor, tendo em conta a distribuição de aptidão para beneficiar uvas com aguardente originando Vinho do Porto".
"Seria assim determinado pelo Conselho Interprofissional um quantitativo de benefício em reserva que não poderia ser comercializado durante alguns anos. Os viticultores receberão de imediato o valor dos vinhos em reserva e os operadores que ficarem com o vinho comprometem-se a tê-lo armazenado durante um período pré-fixado sem o poder comercializar e sem que ele conte para a sua capacidade de vendas", esclarece.
Já como terceira medida, a AEVP considera "fundamental reativar as vendas de Vinho do Porto e de Vinho do Douro" através de "campanhas de publicidade nacionais e internacionais que deverão ser construídas para além das verbas promocionais anuais existentes no IVDP".
"Estas medidas não consubstanciam nenhum apoio direto para as empresas comerciais de vinho do Douro e do Porto", realça ainda o comunicado, que pede também "celeridade" na resposta por parte do Governo para a libertação do restante saldo, "uma vez que o comunicado de vindima para a RDD tem de ser publicado no final do mês de julho".
A AEVP divulgou também os últimos dados de comercialização disponíveis no IVDP, que "traduzem uma quebra de 15% nas vendas de Vinho do Porto e uma quebra de 12% nas vendas de Vinho do Douro".
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 544 mil mortos e infetou mais de 11,85 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.631 pessoas das 44.859 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.