Itália autoriza os 180 migrantes a desembarcar na Sicília
As autoridades italianas autorizaram hoje a desembarcar na Sicília os 180 migrantes a bordo do navio humanitário "Ocean Viking", gerido pela organização não-governamental (ONG) SOS Méditerranée, que anunciou a decisão do Governo de Roma no Twitter.
A ONG adiantou que o navio foi autorizado a aportar em Porto Empodocle, no sul da Sicília, onde os resgatados deverão desembarcar na segunda-feira.
"Alívio no 'Ocean Viking', já que o navio recebeu, finalmente, instruções para dirigir-se para Porto Empodocle, Sicília. Os 180 resgatados [no Mar Mediterrâneo] desembarcarão no porto amanhã [segunda-feira]", lê-se no Twitter.
No entanto, o Ministério do Interior italiano já adiantou que os 180 migrantes serão transferidos para outro navio, onde irão passar duas semanas de quarentena.
"Estão autorizados a serem transferidos para bordo do 'Moby Zaza", um 'ferryboat' que está atracado no porto siciliano", disse o ministro do Interior italiano, Dino Martirano.
No Twitter, a SOS Méditerranée, porém, criticou o "atraso desnecessário do desembarque", que, sustentou, "pôs vidas em risco", uma vez que alguns dos 180 migrantes já estão há dez dias a bordo" depois de terem sido resgatados a 25 de junho.
Entre os resgatados estão 25 menores e uma mulher grávida.
"Ao longo dos últimos dias, a União Europeia (UE) manteve-se em silêncio. Não vimos qualquer iniciativa para repensar o Acordo de Malta e para transferir as pessoas resgatadas. Não há sinais de solidariedade com os Estados costeiros [do Mediterrâneo]", frisou a organização não-governamental.
A SOS Méditerranée lembrou que, no sábado, uma equipa de médicos italianos examinou o estado de saúde dos migrantes, também os testou à covid-19, e pôde reportar no relatório o "enorme incómodo psicológico" que imperava entre os resgatados, algo que a ONG já tinha denunciado nos últimos dias, tendo, inclusivamente, declarado o estado de emergência a bordo.
A ONG pediu também a evacuação de 44 pessoas por motivos de saúde, mas nenhum dos países deu qualquer resposta aos pedidos.
O navio socorreu os 180 migrantes em quatro operações, com a primeira delas a ocorrer a 25 de junho. Desde então, pediu por seis vezes a Itália e a Malta autorização para atracar num qualquer porto da região, tendo só hoje obtido resposta.
A espera dos migrantes no Mediterrâneo e a falta de uma solução no horizonte durante dias levaram quinta-feira a que alguns dos resgatados se atirassem ao mar, tendo, no entanto, sido resgatados imediatamente pela tripulação do navio.
Em setembro de 2019, Itália, Malta, Alemanha e França definiram em La Valeta um plano de redistribuição dos migrantes resgatados do mar.
Já este ano, no início de abril, Itália e Malta declararam que os seus portos não eram seguros para os migrantes resgatados do mar devido ao estado de emergência vigente nos dois países por causa da pandemia de covid-19.