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As duas faces da democracia

A conquista da verdadeira “Liberdade” que supostamente o 25 de Abril e o novo regime trouxe às populações, criou-nos uma grande expectativa no que evolução da sociedade diz respeito. Igualdade de oportunidades, valorização pessoal, melhor educação e formação profissional, melhor cuidado na saúde, mais justiça, enfim toda uma séria de anseios que os portugueses criaram à volta da democracia. É verdade que muito evoluiu e nada comparado à décadas de 40, 50, ou 60. Mas reparemos em algo que por vezes a memória nos atraiçoa: tudo o sucedido nessas épocas deveu-se à restauração da economia e da segurança mundial após 2 trágicas guerras mundiais, doenças epidérmicas devastadores, e de uma economia completamente arrasada, cada país teve que por si só, tentar ressuscitar a sua economia levando mão dos seus próprios meios, e os povo cada qual à sua medida dos seus respectivos sofrimentos e dramas, que a pouco e pouco se reergueram. Em Portugal construíram-se escolas, barragens, linhas férreas, indústria naval, e siderurgia, pontes construídas, e as contas do estado equilibradas, pois os custos de tudo isso foram pagos com o sacrifício imposto ao povo pela ditadura, que (infelizmente) esses progressos serviram também erradamente para sustentar uma guerra (inútil) que ceifou vidas e destruiu lares. Com a «Revolução» de Abril, a liberdade permitiu pôr fim à guerra, com custos elevadíssimos, que o acesso à educação fosse suportado pelo estado, que a saúde fosse da sua tutela, que a justiça deixasse de ser controlada por ideologias, e que a economia fluísse livremente. Nacionalizaram-se muitas empresas, pagaram-se valores exorbitantes pelos mesmos, que tempos depois privatizaram-se algumas delas e vendidas por uma bagatela, a banca privada passou a ser um dos maiores sorvedores dos dinheiros do povo, a classe política só durante estes 46 anos converteu em benefício próprio (corrupção) muito mais do que todo os custos da então guerra colonial, e a justiça está numa autêntica panela de pressão. Recentemente entre os apoios à banca, a privatizações, (TAP), (EFACEC) exemplos recentes, e desvios de dinheiro da corrupção, são muito mais que TODO o orçamento da nação do século passado. Estamos com uma dívida externa que ultrapassa valores nunca antes vistos, um défice que chega 11%, uma dívida que ultrapassa 145% , com 18% da população em escala de pobreza, a economia nacional em colapso. Na justiça só este ano já foram 280 agentes da polícia agredidos, mais de 1 milhão de desempregados e os inúmeros casos entre outros de (corrupção) a resolver nos tribunais, continuam em banho Maria, mas parece que o gás já acabou. Perante este cenário catastrófico, será que a democracia é capaz de reerguer a calamidade a que conduziram o país esta classe de políticos catedráticos, que o povo «inocentemente» elegeu, mas que na realidade apenas 18% dos eleitores inscritos é que votaram nestes (intelectos), pois quase 6 (seis) milhões recusaram a cumplicidade de participar nesta malfadada democracia, pois a insatisfação, a desilusão, o desânimo e a revolta são cada vez mais evidentes. A democracia permite sempre uma nova oportunidade, sem ódios nem vinganças, apenas com a arma do povo “O VOTO”, para que não sejamos monitorizados pela defesa dos direitos e liberdades impostos pela democracia. Acho que é hora de acordar, já chega de sermos enganados, pois 46 anos de democracia deveria dar a maturidade suficiente para que o povo soubesse aquilo que realmente pretende. De certeza absoluta que não foi este o 25 de Abril que o povo sonhou.

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