Governo da Nicarágua anuncia milhares de actividades com aglomeração de pessoas
O Governo da Nicarágua anunciou a realização de 2.800 atividades que devem atrair o ajuntamento de pessoas em várias cidades do país, entre hoje e domingo, enquanto crescem as mortes devido à covid-19.
A informação foi adiantada, por via oficial, pela vice-presidente da Nicarágua, Rosario Murillo, esposa do presidente, Daniel Ortega.
As iniciativas serão "desportivas, recreativas, culturais, visitas de saúde, de produtores, feiras gastronómicas, de economia familiar, turismo nacional, atividades culturais e religiosas, festas de padroeiros e jogos de basebol".
Murillo descreveu as celebrações como "atividades da boa vida, criativas, talentosas, empreendedoras, das famílias, da boa vida".
A associação de médicos e organizações de direitos humanos criticaram o Governo por realizar atividades semelhantes todos os fins de semana, numa atitude contrária às restrições recomendadas pelos especialistas e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
O Governo de Ortega explicou que o seu plano para lidar com a pandemia da covid-19, a que chama uma "estratégia singular", e que compara com o modelo descartado pela Suécia em maio, consiste num equilíbrio entre a economia e a saúde.
Segundo as autoridades nicaraguenses, o novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, causou 2.519 infeções e 83 mortes no país, mas a associação de médicos exigiu na quinta-feira que o Governo revelasse os "factos reais" da pandemia.
O independente Observatório Cidadão Covid-19 Nicarágua, de que faz parte uma rede de médicos e voluntários, contou 6.775 infeções e 1.878 mortes até ao dia 24, das quais 1.749 são suspeitas de novo coronavírus e 129 de pneumonia.
A comunidade internacional reiterou a sua preocupação com o caso da Nicarágua, tal como foi dado a conhecer pelas Nações Unidas e pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
Foram também manifestadas preocupações pela OMS, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, e a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH).
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 522 mil mortos e infetou mais de 10,92 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.