SNM diz que administrador da Horários do Funchal "parece viver numa realidade alternativa"
A propósito de um balanço que o administrador da Horários do Funchal, Alejandro Gonçalves, fez, esta quinta-feira sobre a greve da empresa, o Sindicato Nacional dos Motoristas (SNM) começa por afirmar que deixará de comentar o "que diz o sr. presidente dos Horários do Funchal sobre os motivos que levaram os motoristas a fazer greve".
Em nota enviada para as redacções na noite desta sexta-feira, o SNM escreve que "já não está disponível para corrigir sistematicamente todas as declarações que o sr. presidente faz", acusando Alejandro Gonçalves de transmitir a "sensação que vive numa realidade alternativa, tendo em conta as declarações que profere".
O SNM acusa o administrador da Horários do Funchal de não entender, "mesmo depois do SNM ter tentado explicar publicamente, que existem hierarquias na lei". E acrescenta: "Basta o legislador determinar a imperatividade de uma norma legal, como aconteceu com os cortes salariais aquando da intervenção da troika, para que o previsto nos acordos perca o seu efeito. E na sua aparente realidade alternativa lá vai dizendo que 'a Administração fez uma proposta clara,…, no futuro, caso existissem situações legais que pudessem implicar a perda do pagamento do agente único, os motoristas continuariam a receber, sem que perdessem qualquer montante'. Ou seja, acrescenta a mesma nota "o que um presidente de um Conselho de Administração de uma empresa de capitais públicos diz é que não respeita as leis da nação ao afirmar que continuaria a pagar uma coisa mesmo que a lei impedisse. Como se o erário público não fosse objecto de uma utilização cuidada e de fiscalização", argumentam.
O SNM acusa também Alejandro Gonçalves de continuar "a acreditar, pelas contas que diz saber fazer, que a integração do sub. de agente único na tabela salarial 'acarretaria um custo anual de 500 mil euros'. E ironiza: "Se o sr. presidente não conseguiu contar o número de motoristas que se encontravam em frente das instalações dos Horários do Funchal, como conseguirá fazer umas contas com grau de dificuldade mais acrescido? O sr. presidente conseguiu ter a coragem de afirmar que apenas 22 motoristas não compareceram ao trabalho, depois de ter visto mais de uma centena de Motoristas em frente às instalações dos HF".
Mais: "O sr. presidente afirmou que teriam trabalhado 97 Motoristas. Sabendo-se (através de informação da própria empresa) que estiveram de folga 34 Motoristas, 17 de baixa, de férias 21, 2 por doação de sangue, 1 pelo nascimento de filho e 3 com serviço a designar, consegue-se saber que o somatório destas ausências perfaz 78 motoristas".
Escreve ainda o SNM que existindo um total de 273 motoristas, entre os quais, 195 escalados para o dia da greve "e sabendo-se que estiveram presentes cerca de 140 motoristas junto das instalações dos HF, facilmente se chega à conclusão que a diferença entre os motoristas escalados no dia da greve (195) seria apenas um total máximo de 55 motoristas disponíveis para trabalhar e não os 97 que referiu".
O Sindicato defende ainda que Alejandro Gonçalves se contradisse quando "afirmou que a integração do sub. de agente único traria um encargo de cerca de 22,93% à empresa e, no mesmo documento, conseguiu afirmar que tal integração traria um prejuízo de 2 euros mensais aos motoristas". E acrescenta: "Extraordinário raciocínio, dizemos nós".
O SNM desafia a tutela a avaliar a forma e conteúdo das afirmações proferidas pelo administrador da Horários do Funchal.