Ex-presidente da concelhia do PS de São Vicente desvincula-se do partido
"Saio porque não sou cafofiano. Sou e continuarei a ser socialista e a defender os valores em que sempre acreditei”
Ricardo Catanho identifica como maiores erros políticos apoiar a criação do Unidos por São Vicente e a candidatura de Emanuel Câmara ao PS
O antigo presidente da concelhia de São Vicente, Ricardo Catanho, pediu, nesta semana, a desfiliação do PS. O ex-dirigente recorreu às redes sociais para apresentar publicamente as razões que o levaram a tomar a decisão.
Ricardo Catanho lembra que militou 15 anos no PS, tendo chegado ao partido quando João Carlos Gouveia era presidente e após a uma derrota eleitoral.
Na hora da saída, identifica dois grandes erros políticos que cometeu: “Ao longo desta caminhada os meus dois maiores erros foram por duas vezes não seguir a minha intuição e ouvir ‘conselhos’ de terceiros que depois vieram a se revelar como as duas maiores desilusões políticas:
- 1º Estar no início daquilo a que mais tarde veio a se chamar de UPSV, insistir no lançamento de uma candidatura independente tendo como protagonista J. A. Garcês, que logo que chegou ao poder foi a correr para o partido que o queria expulsar e a forma como este gere os dinheiros públicos e as meias verdades foram a gota de água…
- 2º Apoiar e me envolver de corpo e alma na candidatura de Emanuel Câmara para a presidência do PS Madeira, este último tem como consequência e ironia do destino o fim da minha ligação à instituição, que na minha opinião em alguns casos (não todos felizmente) se transformou naquilo que sempre me debati contra ao longo da minha vida política.”
No balanço, identifica “o pior” que leva. “Foi na altura da minha candidatura à Câmara Municipal de São Vicente em 2017, (quando) aceitei num contexto difícil para o PS e que ninguém queria aceitar porque a derrota era mais que evidente, mas tinha também o dever moral de dar a cara porque fui um dos responsáveis do início daquilo que supostamente seria uma candidatura independente, quando a minha candidatura foi tornada pública começou um processo de difamação de nível muito baixo e vil da minha pessoa, através de perfis falsos e ‘bilhardices’ bem à moda madeirense que não queria acreditar, desde traficante de droga a historias rocambolescas envolvendo inclusive a minha ex-mulher…”
“Para mim chegou ao fim. Um abraço aos meus camaradas que ficam e que há muitos anos lutam por uma Madeira mais justa e igualitária, pela coragem que tiveram de representar um símbolo de forma dedicada e altruísta, dando o melhor de si por vezes com consequências e perseguições directas nas suas vidas pessoais em proveito das populações que representavam.”
“Saio como entrei, de livre e espontânea vontade. Saio porque este não é o PS em que me filiei. Saio porque não sou cafofiano. Sou e continuarei a ser socialista e defender os valores em que sempre acreditei.”