Dados finais do turismo confirmam 2019 como o terceiro ano de quebra nas dormidas
"Em 2019, o número de dormidas no alojamento turístico global (os estabelecimentos da hotelaria, turismo no espaço rural e de habitação, alojamento local, time-sharing na modalidade de habitação periódica, colónias, parques de campismo e pousadas da juventude) aproximou-se dos 8,5 milhões, traduzindo uma queda de 2,7% face a 2018. Os residentes em Portugal contribuíram com cerca de 1,1 milhões de dormidas, representando um acréscimo homólogo de 8,5%, enquanto os estrangeiros não residentes originaram cerca de 7,4 milhões de dormidas, correspondendo a um decréscimo de 4,1% nesta variável.", frisa a Direcção Regional de Estatística da Madeira nos dados definitivos do ano passado e divulgados esta segunda-feira, 27 de Julho.
No entanto, separando os contextos, diz a DREM que no alojamento turístico colectivo (hotéis, alojamentos locais e turismo rural, sobretudo), o número de dormidas "ultrapassou os 8,1 milhões (-2,8% que em 2018)", com "os residentes em Portugal contribuíram com cerca de 1.018,2 mil (mais de um milhão) dormidas, traduzindo-se num acréscimo homólogo de 8,5%. O mercado nacional foi o terceiro mais importante, atrás do alemão e britânico, representando 12,5% do total".
Já as "dormidas dos estrangeiros não residentes originaram cerca de 7,1 milhões de dormidas (87,5% do total), correspondendo a um decréscimo de 4,3% nesta variável em comparação com o ano precedente. Os principais mercados emissores foram a Alemanha, Reino Unido, França, Países Baixos, Polónia, Dinamarca e Suécia, que concentraram 78,1% das dormidas de estrangeiros não residentes". Na prática, juntando o mercado nacional, mais de 90% do turismo regional depende de oito mercados específicos.
"A taxa líquida de ocupação-cama (TLOC) no alojamento turístico (excluindo o alojamento local abaixo das 10 camas) atingiu os 58,0%, -4,4 pontos percentuais que em 2018", identifica. "A estada média no alojamento turístico da RAM foi de 5,11 noites, inferior à do ano anterior (5,20 noites)".
Já o RevPAR, que "mede o proveito obtido por quarto disponível, atingiu em 2019 os 44,29 euros no conjunto do alojamento turístico (excluindo o alojamento local abaixo das 10 camas), -6,7% que em 2018. "O proveito de aposento por quarto utilizado (ADR), no conjunto do alojamento turístico (excluindo o alojamento local abaixo das 10 camas), rondou os 68,83 euros em 2019, -0,8% que no ano transato".
Com estes dados, o alojamento turístico teve ainda assim o terceiro melhor ano de sempre em dormidas, proveitos totais e de aposento, uma vez que apesar do terceiro ano em quebra, estas reduções partem de um indicador já alto, os máximos históricos de 2017.
A Hotelaria, que representa o grosso deste mercado, "apresentou, em 2019, uma quebra nas dormidas (-4,1%), enquanto os proveitos totais e de aposento subiram 4,9% e 4,5%, respetivamente face ao ano anterior", salienta.
"Em termos de dormidas, o Reino Unido foi o principal mercado (quota de 24,7% do total), seguido da Alemanha (quota de 23,0% do total). O mercado britânico decresceu 7,6% enquanto o germânico registou uma quebra de 11,0%", números que revelam o verdadeiro estado de ansiedade que se apoderou do sector face às medidas recentes do governo britânico que mantém a Madeira na 'lista cinzenta' de zonas onde os turistas devem ter cautelas ao viajar, uma vez que são sujeitos a quarentena no regresso. Num mercado que no ano passado representou uma em cada quatro dormidas na hotelaria.
"Os turistas com residência em território nacional produziram cerca de 819,2 mil dormidas (12,2% do total), apresentando uma variação homóloga positiva de 7,0%. O mercado português foi o terceiro mais importante, atrás do britânico e alemão"; a "taxa de ocupação-cama anual rondou os 61,9%, -5,1 p.p. que em 2018"; a "estada média nos estabelecimentos hoteleiros da RAM foi de 5,17 noites, inferior à do ano anterior (5,26 noites); e a "média anual de 2019 do rendimento por quarto (RevPAR) foi de 47,81€ (-7,4% face a 2018)", são outros números destacados pela DREM.
Pelo contrário, no Turismo no espaço rural, a entidade estatística verificou "aumentos nos principais indicadores, com variações homólogas de +3,5% nas dormidas, +5,2% nos proveitos totais e +2,8% nos proveitos de aposento".
O mesmo se passou com o Alojamento local, pois "neste tipo de estabelecimentos foram registados 227.330 hóspedes entrados (+4,8%) que deram origem a 1,2 milhões de dormidas, traduzindo um crescimento de 4,0% face a 2018".
Outros segmentos menos falados, como o Time-sharing, "foi contabilizada a entrada de 63.235 hóspedes (-12,7% que em 2018). As dormidas fixaram-se nos 624.835, diminuindo 5,5% face a 2018, destacando-se como principais mercados o Reino Unido, Finlândia e Alemanha, responsáveis por 68,2%, 9,3% e 7,1% do total de dormidas, respetivamente".
Números negativos que têm uma explicação pela forte ligação à hotelaria. "Do total de hóspedes e dormidas, cerca de 50% já se encontram contabilizados na hotelaria, dado que todos os estabelecimentos de time-sharing na modalidade de 'habitação turística' são contemplados no inquérito à permanência de hóspedes na hotelaria e outros alojamentos (IPHH). É apurado à parte, num inquérito próprio desenvolvido pela Direcção Regional de Estatística da Madeira (Inquérito à permanência de hóspedes nos estabelecimentos de time-sharing) o total de estabelecimentos que praticam a modalidade de 'habitação periódica'. Nesta modalidade foram contabilizados 31.609 hóspedes entrados e 328.211 dormidas, verificando-se uma estada média de 8,02 dias", esclarece.
Os tipos de alojamento turístico colectivo menos expressivos, ainda assim com o seu papel na contabilidade final, temos as colónias de férias e pousadas da juventude. "No ano de 2019, registaram-se 23.726 dormidas nas colónias de férias e pousadas de juventude, um acréscimo de 6,5% em relação a 2018. O mercado nacional foi responsável por 83,1% do total das dormidas (+10,3% que em 2018)".
Por fim, duas notas a segmentos específicos. O Golfe na Madeira e Porto Santo, que atrai turistas que vêm muitas vezes só para esse fim, resultaram em perdas, novamente. "O inquérito aos campos de golfe revela a realização de 65.387 voltas nos três campos de golfe da RAM no ano de 2019 (-1,2% que em 2018), tendo gerado cerca de 2,6 milhões de euros de receitas. 73,1% dessas voltas foram realizadas por não sócios, provenientes na sua maioria dos Países Nórdicos, Portugal e Alemanha. 58,1% das voltas foram vendidas por estabelecimentos hoteleiros e afins, 22,1% por operadores turísticos e os restantes 19,8% pelos próprios campos de golfe", resume.
Já o movimento de passageiros em navios de cruzeiro, segmento de turismo também muito distinto, e já noticiados aqui, "de acordo com os dados fornecidos pela Administração dos Portos da RAM, foram contabilizados no ano 2019, 588.925 passageiros em trânsito em navios de cruzeiro nos portos da RAM, +1,7% que em 2018. Comparativamente com o ano anterior existiram mais 5 escalas que no ano transato, com 298 navios a atracarem nos Portos da RAM".