A importância do presente
Estamos, muitos de nós, em modo de sobrevivência. Preocupados, ansiosos, de mãos e pés atados.
São tempos estranhos, estes… Vividos com enorme dificuldade em gerir desde sentimentos a empresas, não descurando as pessoas que temos a nosso cargo, sejam elas as nossas famílias ou as nossas equipas.
Sendo impossível prever e, consequentemente, planear seja o que for, nem que seja porque não estamos dependentes de nós nem das nossas decisões, somos levados a ir caminhando sem rumo, conduzidos por uma esperança alimentada de notícias sobre futuras vacinas, levantamentos de quarentena ou extensão de moratórias e layoffs.
Pedem-nos perspectivas, solicitam-nos soluções. Não sai nada, a não ser um apelo, que me parece ser a única via possível: - para termos futuro, um qualquer futuro, ajudem-nos a resolver o presente, pois sem isso muito dificilmente conseguiremos voltar a construir algo minimamente consistente. Com respeito pelo passado, que tanto nos pode ensinar.
Desse passado podemos retirar muito, se o quisermos. Desde logo, perceber que soluções baseadas em mais do mesmo não vão resultar em nada de diferente do que já tivemos.
Se com os milhões europeus voltarmos ao modelo das obras públicas como alavanca do crescimento, nada teremos aprendido, infelizmente. Se com os milhões europeus voltarmos à lógica da decisão sobre onde devem os privados investir e quanto, continuaremos a fazer crescer alguns, poucos, em detrimento dos muitos que, não se alimentando desses fundos, só precisam de condições mínimas para poder voltar a contribuir com a sua energia e força de trabalho para a verdadeira e consistente criação de emprego, riqueza e poupança.
Muitos não compreenderão estas linhas, limitadas pelos poucos caracteres que me são concedidos, nem o apelo que aqui me permito fazer. Todos os que possuem ou trabalham num hotel, num restaurante, numa empresa de animação turística, numa rent-a-car, num produtor de fruta e de legumes, na lota, num produtor de carne ou de lacticínios, no entanto, esses entenderão bem a minha dor. Porque a sentem na pele!
Estamos, muitos de nós, em modo de sobrevivência. Preocupados, ansiosos, de mãos e pés atados. A ver o tempo passar, agradecendo o pouco que nos é concedido e, sobretudo, imensamente gratos pela forma como aqueles que nos acompanham nos projectos percebem e sentem ser parte da solução.
Se queremos no entanto ter futuro, desculpem-me a repetição, parem para pensar no presente, não deixando de planear o que daqui para a frente poderemos fazer de diferente. Necessitamos de planos e de estratégia mas estaremos nós cá com saúde suficiente para a seguir e ajudar a implementar?