Suspensas negociações no Congresso dos EUA sobre medidas de apoio
As negociações no Congresso dos EUA sobre o novo pacote de medidas económicas foram suspensas na sexta-feira, depois de a Casa Branca querer reduzir o apoio suplementar aos desempregados de 600 dólares (515 euros) semanais para 100.
A Casa Banca enunciou também uma nova prioridade, a de obter dinheiro para construir uma nova sede da polícia federal (FBI, na sigla em inglês).
O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, mandou os senadores para casa, prometendo que uma proposta do seu partido estaria pronta para ser apresentada na segunda-feira.
"Apelamos a McConnell para que seja sério", escreveram, em comunicado, os líderes democratas no Congresso, Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, e Chuck Schumer, chefe da minoria democrática no Senado.
Pelosi e Schumer avisaram que à medida que os republicanos se digladiam, a pandemia avança, os apoios aos desempregados acabam e o número de mortes aumenta.
O bónus semanal de 600 dólares expira tecnicamente em 31 de julho, mas na realidade pode ter efeitos a partir de sábado, dependendo da forma como os estados processam os pagamentos.
Além do fim destes 600 dólares, também vão expirar as proteções federais em relação aos despejos, por falta de pagamento de rendas, por exemplo.
Durante uma semana de negociações com avanços e recuos, McConnell suspendeu o desenvolvimento do plano republicano, de um bilião de dólares, que supostamente deve servir de alternativa ao plano dos democratas, que mobiliza uma verba de tês biliões de dólares.
Os planos republicanos mudaram depois de a Casa Branca ter sido forçada, pelos próprios republicanos, a abandonar o seu plano de reduzir os impostos pagos pelas empresas sobre os salários, o que a levou para novas prioridades.
Enquanto os republicanos estão divididos, o número de pessoas infetadas com o novo coronavírus nos EUA subiu para quatro milhões e o número de mortes aumentou em vários milhares esta semana, aproximando-se dos 145 mil e aquele apoio suplementar aos desempregados chega ao fim.
Um dos pontos em que os republicanos do Congresso e da Casa Branca divergem é o do montante daquela ajuda suplementar de 600 dólares semanais aos desempregados.
Para muitos republicanos, esta verba aprovada em anterior pacote de medidas económicas de resposta ao impacto do novo coronavírus, é muito elevada e um desincentivo ao regresso ao trabalho.
Em algumas situações, é até superior ao que os trabalhadores receberiam se estivessem a trabalhar.
No plano de McConnell, esta verba é reduzida para 200 dólares.
Uma fonte da Casa Branca, sob anonimato, considerou este valor demasiado elevado e que entre as alternativas estava o montante de 100 dólares.
Ao contrário, os defensores da manutenção do valor argumentam que os salários é que são demasiado baixos.
Os democratas têm avisado de que o tempo está a esgotar-se. O presidente da comissão da Câmara dos Representantes para o Orçamento, Richie Neal, eleito por Nova Jérsia, já disse que os EUA estão à beira de uma "catástrofe económica".
Os EUA registaram a 18.ª semana consecutiva em que as novas inscrições no subsídio de desemprego superaram o milhão, com a taxa de desemprego a atingir os 11%, percentagem superior à verificada na Grande Recessão da última década.
Os próximos passos são incertos depois de dias de reuniões à porta fechada no Congresso entre congressistas republicanos, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows.