Protestos no Sudão contra aligeiramento das leis religiosas e morais
Centenas de pessoas protestaram hoje novamente em Cartum contra as emendas recentemente aprovadas que suavizam as leis religiosas e morais no Sudão, mais de um ano após o derrube do regime islamita de Omar al-Bashir.
As manifestações tiveram lugar em vários locais em Cartum e nas cidades vizinhas de Cartum do Norte e Um Durman, enquanto no centro da capital algumas mesquitas e ruas foram fechadas para impedir a concentração dos participantes. A presença da polícia foi reforçada.
Esta é a segunda sexta-feira de protestos após a oração muçulmana do meio-dia, a mais santa da semana, e por detrás das mobilizações estão os grupos islâmicos Partido Paz e Justiça, Liga Legal dos Ulemas e Movimento do Povo Unido.
Numa das marchas em Um Durman participou o antigo presidente da Câmara dos Deputados no Governo de Al-Bashir e também membro do partido então no poder, Ibrahim Ahmed Omar.
Em meados de julho, as novas autoridades sudanesas adotaram uma série de emendas para descriminalizar a apostasia, um crime que poderia levar à pena de morte, e para criminalizar a mutilação genital feminina, entre outras coisas.
Num primeiro passo para desmantelar o rígido sistema legal baseado na "sharia" ou lei islâmica, que tinha sido brutalmente aplicada por Al-Bashir, o Sudão agora também permite o consumo de álcool por não-muçulmanos e não aplica a pena de morte a homossexuais.
A maioria da população sudanesa é muçulmana, embora exista também uma minoria de cristãos, muitos deles da Etiópia ou do vizinho Sudão do Sul, que obteve a independência de Cartum em 2011.
Durante os 30 anos de Governo de Al-Bashir, o Sudão era conhecido pela aplicação rigorosa da "sharia" com castigo exemplar e pelo seu apoio a grupos e figuras radicais, pelo qual foi sancionado durante décadas pelos Estados Unidos e procura agora um levantamento definitivo das medidas que Washington adotou contra este país.