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Madeira

Problemas sociais dividem partidos em Santa Cruz

Com os votos a favor do JPP e do PS, e abstenção do PSD e do CDS, a Assembleia Municipal de Santa Cruz aprovou a celebração de um contrato de empréstimo no valor de dois milhões de euros

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Foto Arquivo

Na apresentação da proposta, hoje, em reunião da Assembleia Municipal,  Filipe Sousa sublinhou que o empréstimo surge para acudir à emergência social decorrente da pandemia da Covid-19, já que a autarquia regista "um défice que ultrapassa os dois milhões de euros".

Por isso, houve a necessidade de continuar a apostar na economia social e na ajuda às pessoas, pelo que 80% do empréstimo tem como destino “o reforço significativo de todos os programas sociais”, adiantou o Autarca.

Esta urgência em acudir as pessoas acabou por dividir opiniões, tendo Filipe Sousa falado de “drama social”, enquanto o PSD e o CDS falavam de “duplicação de apoios e da criação de aproveitamentos e de comodismo por parte das famílias”.

Filipe Sousa disse esperar outro tipo de sensibilidade por parte do Tribunal de Contas (TC), nomeadamente, um “entendimento que vá ao encontro de uma necessidade que é reconhecida por todos os líderes mundiais e que vai no sentido de apostar nas pessoas e evitar uma pandemia social de proporções catastróficas”.

PSD e CDS abstieram-se. O social-democrata Bruno Camacho disse estar contra a que parte do empréstimo seja para festas, enquanto que Pedro Jorge, do CDS, considerou o valor do empréstimo demasiado elevado, tendo realçado que o tipo de apoio directo às famílias pode criar “comodismos e aproveitamentos por parte das pessoas”.

Em resposta, Filipe Sousa realçou que em política autárquica abster-se é “lavar as mãos como Pilatos” e prometeu que, na altura certa, “o povo ficará a saber como certas pessoas andam na política”.  Lamentou que se reduza uma medida social desta grandeza a festas e explicou, a propósito, que as festas previstas, como o Natal, são um apoio indirecto à economia local. “Esta é uma forma indirecta de chegarmos à nossa economia local e  ajudar as empresas, as famílias e os artistas regionais, numa fase de desespero. Só quem não percebe a agonia que esta gente está a passar, é que transforma tudo isto em festas”, realçou.

O autarca destacou, ainda, que ao contrário dos empréstimos do passado, este vai “ao pormenor de explicar tudo o que será feito”. As verbas destinadas a algumas realizações surgem neste empréstimo porque as que estavam anteriormente previstas foram já gastas na ajuda social às famílias.

Filipe Sousa realçou, por outro lado, que este empréstimo nem estaria a ser discutido se o Presidente do Governo não continuasse a reter nos cofres da Região o dinheiro do IRS que é devido às autarquias e que já foi transferido pelo Governo da República.

O Presidente da Câmara criticou ainda a circunstância do PSD e do CDS considerarem que se está a duplicar apoios, que não existe uma necessidade tão grande e do CDS, em particular, dizer que as pessoas se tornam comodistas e que se aproveitam da situação.

Revelou que, só em géneros alimentares, a autarquia já apoia 700 famílias. “O que disseram revela a ilusão em que vivem sobre as dificuldades das famílias. Só quem não sente o pulsar destas famílias pode fazer afirmações destas. Eu falo com marido e mulher que perderam os dois o emprego”, vincou, acrescentando que mais verdadeiro o desespero das famílias do que a publicidade que o PSD faz do dinheiro que entrega às Casas do Povo. Dinheiro esse que “é entregue a organismos que não são auditados, nem fiscalizados, como são os organismos democraticamente eleitos”. Vou convidar os senhores deputados do PSD e do CDS a me acompanharem para verem as reais dificuldades das famílias e para verem aqueles que chamam de comodistas e aproveitadores a chorarem desesperados e envergonhados”, referiu o autarca, salientando que o único partido, para além do JPP, a votar a favor do empréstimo foi o PS, tendo Luísa Baeta considerado que o mesmo estava completamente fundamentado.

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