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Conflito entre o Papa Júlio II e São Pedro

Se Deus não perdoasse aos ladrões estaria sozinho no céu!, Disse o Papa Júlio II

Os papas, como representantes de São Pedro, sempre tiveram livre acesso à porta do céu. Mas assim não aconteceu com o Papa Júlio II (1443-1513). Quando este papa morreu, constatou que tinha sido mudada a fechadura da porta do céu. São Pedro colocou obstáculos à sua entrada porque tinha registado uma conduta pouco abonatória deste papa. Porque é que isto aconteceu?

Lutas papais

Na Idade Média, os reis e famílias poderosas lutavam para que um seu simpatizante fosse nomeado papa. Ocorreram guerras e houve até um Cisma Papal, entre 1378 e 1417, quando foram nomeados dois papas, um em Roma e um em Avinhão, ambos invocavam a legitimidade papal e até se excomungaram reciprocamente.

Por causa da luta de interesses, alguns papas nem sequer tinham sido padres, como Leão X (1475-1521); outros eram casados antes de serem papas, mesmo após a Igreja impor o celibato, como Clemente IV e Honório IV, no séc. XIII; alguns papas tiveram filhos durante o cargo, como aconteceu com o Papa Júlio II.

Papa Júlio II - O Terrível

Segundo as crónicas da época, o mandato do Papa Júlio II, entre 1503 a 1513, foi marcado por guerras para alargar o seu poder; a sua vida ficou manchada por escândalos; este papa deu o seu aval a práticas pecaminosas, assim como teve vários filhos. Por tudo isto ficou conhecido como “O Terrível”.

Conflito com São Pedro

Diz a lenda que após a sua morte, ao confrontar-se com a porta do céu fechada, o papa Júlio II muito barafustou do exterior. São Pedro justificou que o Paraíso é lugar decente e bem frequentado, tinha que o preservar do contacto com a ladroagem.

O Papa Júlio II, ainda mais exaltado, acusou São Pedro, porque este, apesar de ter sido pecador, também entrou no céu (São Pedro pecou ao negar Cristo, quando o galo cantou por três vezes). O Papa Júlio II justificava, assim, o direito de entrar no Paraíso e acrescentou: - Se Deus não perdoasse aos ladrões estaria sozinho no céu!

O Papa Júlio II acabou mesmo por entrar no céu porque lhe foi reconhecido o direito à remissão dos pecados, não por ser papa, mas porque o perdão é um direito de todo o cristão.

Esta história é baseada num texto de Valério Bexiga no livro A cabra que pula a vinha… Não sei como este escritor teve acesso aos arquivos de São Pedro, mas a história faz sentido.

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