69 migrantes ilegais interceptados no Algarve em oito meses
Nos últimos oito meses foram intercetados a desembarcar ilegalmente no Algarve 69 migrantes provenientes do norte de África, com o último caso registado ao fim da tarde de terça-feira, na Ilha do Farol, concelho de Faro.
O grupo de 21 migrantes, aparentemente marroquinos, segundo as autoridades, foi intercetado já no areal da Ilha do Farol, pelas 19:45, tendo pernoitado num pavilhão em Olhão, onde se encontram à guarda do SEF e da GNR.
O Algarve tem sido procurado por migrantes ilegais como porta de entrada para a Europa, tendência que se tem acentuado no últimos meses. Desde dezembro que já foram intercetados 69 migrantes oriundos do norte de África na região.
Em dezembro de 2019 chegou à costa algarvia um grupo de oito migrantes e em janeiro deste ano 11 cidadãos marroquinos foram detetados ao largo da Ilha de Armona, no concelho de Olhão.
Em 15 de junho uma embarcação com 22 homens foi intercetada quando os tripulantes se preparavam para desembarcar na Praia de Vale do Lobo, em Quarteira. Dias antes, em 06 de junho, tinham sido detetados sete migrantes ao largo de Olhão.
No dia seguinte ao desembarque de 15 de junho, em Vale do Lobo, o ministro da Administração Interna afirmou numa comissão parlamentar que Portugal "não deve cair no ridículo" ao considerar que existe uma rede de migração ilegal para o Algarve.
"Estando a falar de quatro desembarques desde dezembro de 48 pessoas devemos ter alguma dimensão do ridículo quando compararmos com aquilo que são 7.500 chegadas a Espanha desde janeiro, mesmo com uma redução significativa de chegadas verificada este ano", precisou na altura Eduardo Cabrita, respondendo ao deputado do CDS-PP Telmo Correia sobre os 22 migrantes.
Referindo-se ao mesmo desembarque, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Pina, disse à Lusa que enquanto aqueles cidadãos não fossem considerados como imigrantes ilegais e devolvidos aos seus países, iriam continuar a tentar chegar à costa algarvia em embarcações.
O também presidente da Câmara de Olhão disse, na altura, discordar da possibilidade de estes cidadãos serem considerados exilados ou refugiados políticos, porque a situação em Marrocos, país de onde dizem provir, "é distinta da que existe no Mediterrâneo, com pessoas oriundas de países onde há guerra", como a Síria ou a Líbia.
Em 03 de julho, três migrantes do grupo que se encontravam instalados no Espaço Equiparado a Centro de Instalação Temporária no Aeroporto do Porto evadiram-se daquele espaço, mas foram capturados horas depois e reinstalados no mesmo local.
Na terça-feira, um grupo de 21 migrantes foi intercetado pela GNR na praia da Ilha do Farol, em Faro, numa embarcação de madeira semelhante a outras que chegaram anteriormente à costa algarvia, referiu o comandante do Destacamento de Controlo Costeiro de Olhão.
O comandante deste destacamento, capitão Nuno Marinho, disse que a embarcação utilizada por este grupo "já se encontrava na areia" quando as autoridades chegaram ao local e que os migrantes, "aparentemente marroquinos", estavam "nas imediações da praia", tendo sido "intercetados já apeados".
Entretanto, a mesma fonte adiantou hoje à Lusa que os resultados dos testes de despiste à covid-19 realizados aos 21 migrantes foram todos negativos, sendo que o grupo se mantém instalado num pavilhão desportivo em Olhão.
Os migrantes vão depois ser entregues à guarda do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) para serem posteriormente presentes a tribunal.
Milhares de migrantes têm utilizado nos últimos anos as três principais rotas do Mar Mediterrâneo (Oriental, Central e Ocidental) para chegar à Europa, pressionando principalmente os países do sul da União Europeia como Espanha, Itália e Grécia.