Saiba mais sobre a tradição dos 'remates de telhado' na sua 'Hora da Boa Vida'
A exposição temporária ‘Os remates de telhado, na arquitectura madeirense’ está patente até Dezembro de 2020 no Museu Etnográfico da Madeira
Na rubrica 'Hora da Boa Vida' desta quarta-feira, 22 de Julho, sugerimos-lhe uma exposição para visitar nas férias: ‘Os remates de telhado, na arquitectura madeirense’, que abriu ontem ao público, no Museu Etnográfico da Madeira (MEM), na Ribeira Brava.
Esta iniciativa - no âmbito do projecto semestral ‘Acesso às colecções em reserva’ - pretende divulgar uma tradição ancestral que faz parte do nosso património cultural material e imaterial.
Conforme noticiado na edição impressa de hoje, a exposição temporária tem entrada gratuita e estará patente ao público, no átrio do MEM, até 5 de Dezembro de 2020.
'Remates de tellhado'?
Trata-se dos elementos figurativos, colocados nos extremos dos beirais e nas cumeeiras, popularmente conhecidos como 'remates de telhado' e que representam um importante testemunho da arquitectura popular madeirense. Apresentam um figurado variado, inspirado em figuras antropomórficas, em animais, em figuras naturalistas ou estilizadas.
Afastar os maus presságios do lar
Os remates do telhado não têm uma função meramente decorativa.
O MEM explica que, "segundo alguns autores, estes elementos têm as suas raízes em superstições e presságios, sinais de cultos pagãos, que tinham como função espantar o efeito maléfico dos seres sobrenaturais, funcionando como figuras protectoras do lar e das pessoas que nele habitam".
"Introduzidos na arquitectura madeirense pelos colonizadores, vindos de Portugal Continental, a sua colocação nos telhados madeirenses tornou-se uma constante nas habitações construídas em finais do século XIX e durante o século XX, caindo em desuso no final do mesmo século. Esta tradição adquiriu, na Ilha da Madeira, uma maior expressão e longevidade do que no seu território de origem", explica o museu.
Um tradição secular moldada à mão
Sobre esta tradição secular diz ainda o museu que "os remates de telhado eram confeccionados essencialmente em barro, embora existissem alguns em cimento e, inicialmente, eram modelados, à mão, pelos oleiros".
Devido à sua grande procura, as olarias passaram a utilizar, mais tarde, moldes em gesso, permitindo a produção em série destes artefactos.
A última olaria a laborar na Ilha da Madeira e a produzir estes remates de telhado, foi a Antiga Olaria do Lazareto, sediada no concelho do Funchal".
De realçar que alguns desses moldes, utilizados por aquela unidade fabril, fazem parte do acervo do museu e estão patentes ao público nesta exposição, que poderá visitar até ao final do ano.
Sobre o MEM
Situado na vila da Ribeira Brava, o museu reúne uma mostra dos variadíssimos aspectos da cultura e etnografia madeirenses.
O Museu Etnográfico da Madeira está localizado numa propriedade que pertencia, nos inícios do século XVII, ao Convento de Santa Clara do Funchal. Em 1853, José Maria Barreto, último administrador do vínculo de São José, converteu o arruinado solar numa unidade industrial, tendo para o efeito constituído uma sociedade com Jorge de Oliveira.
Em 1862 foi ali montado um engenho de moer cana-de-açúcar, de tracção animal, e um alambique de destilação de aguardente.
O Governo Regional da Madeira decidiu instalar o Museu Etnográfico da Madeira no antigo engenho de aguardente da Ribeira Brava, onde foi inaugurado em 15 de Junho de 1996.
Projectado pelo arquitecto João Francisco Caíres, o museu tem como vocação a investigação, documentação, conservação e promoção da cultura e etnografia madeirenses. O seu acervo integra colecções que abrangem variados aspectos sociais, económicos e culturais do arquipélago da Madeira.
A área de exposição permanente encontra-se organizada por temas: actividades produtivas (pesca, ciclos produtivos do vinho, dos cereais e do linho), transportes, unidades domésticas (cozinha e quarto de dormir) e comércio tradicional (mercearia).
- Horário de Funcionamento: de terça-feira a sexta-feira das 10 às 17 horas; aos sábados: 09h30 às 12h30 e 13h30 às 17h30; encerrado aos domingos, segunda-feira e feriados.
- Ingressos: normal 3 €; 3.ª Idade: 1,50 €; cartão-jovem: 1,50 €; grupos (+ de 6 pessoas) 2,50€ (p/pessoa).
- Transportes: autocarros carreiras: 4, 6, 7, 80, 107, 115, 127, 139, 146; via rápida, itinerário Funchal – Ribeira Brava.