Venezuelanos realizaram 4.414 protestos em 6 meses
Números referem-se ao primeiro semestre deste ano
Os venezuelanos realizaram 4.414 protestos entre janeiro e junho de 2020, a maioria para reclamar acesso a serviços básicos, segundo dados do Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais (OVCS).
"O OVCS documentou 4.414 protestos durante o primeiro semestre de 2020, o equivalente a uma média de 25 por dia", pode ler-se num relatório divulgado em Caracas.
Mais da metade das manifestações sociais foram para exigir o direito a serviços básicos, de acordo com o OVCS, precisando que 2.505 dos protestos realizados nos primeiros seis meses do ano ficaram a dever-se a falhas elétricas, falta de água e gás.
"Essa situação, que torna a população mais vulnerável perante a covid-19, demonstra uma vez mais o colapso dos serviços a que estão sujeitas as famílias venezuelanas, sendo o acesso à água, eletricidade e gás um dos principais direitos que o Estado deveria garantir a todos os seus cidadãos, para mais quando o poder controla esses serviços", criticou o observatório.
Segundo a organização não-governamental (ONG), "no primeiro semestre de 2020, agravou-se a escassez de combustível", registando-se "filas longas de vários dias para poder abastecer-se e o racionamento da venda segundo o último dígito da matrícula do veículo" em todo o território venezuelano.
"A agudização da situação e a reduzida atividade da indústria petrolífera levaram à importação de gasolina do Irão, para abastecer o mercado e aplicar um aumento de preço, estabelecido em bolívares e em dólares (norte-americanos)", indicou a ONG.
O OVCS sublinha que "a sobrevivência em condições extremas se tornou um modo de vida no país com as maiores reservas de petróleo do mundo, dominado por um sistema político que levou os seus cidadãos à pobreza e à desigualdade social".
"As reivindicações laborais ficaram em segundo lugar no índice de conflitos, representando 21% do total de protestos registados até junho, 493 protestos em seis meses, equivalente a cinco por dia", precisou ainda a ONG.
"Em menor escala em relação ao ano passado, que esteve marcado por uma agenda política de rua, em 2020 as manifestações por direitos políticos viram-se reduzidas e, durante o primeiro semestre, ficaram em terceiro lugar, com 648 protestos, individuais ou combinados com outros direitos", pode ainda ler-se no documento.
Segundo o OVCS, a região andina-venezuelana liderou as manifestações, com o estado de Táchira em primeiro lugar, com 488 protestos, seguido por Mérida, com 454.
Seguem-se Miranda (355), Distrito Capital (349) e Anzoátegui (304).
Durante o primeiro semestre de 2020, as forças de segurança estatais e grupos paramilitares reprimiram 221 protestos e detiveram 129 manifestantes. Há ainda a registar 62 feridos e dois homicídios no âmbito das ações de protesto, segundo o relatório.