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Madeira

"Há Centros de Saúde na Madeira que só têm vagas para análises em 2021"

A Comissão de Utentes denunciou, esta terça-feira, que as fragilidades do sistema de saúde regional se agravaram com a pandemia. Queixa dos utentes por falta de diagnósticos, de análises, de consultas de rotina e até de receitas, preocupam: "A covid-19 não pode servir de desculpa para o fecho quase total da Saúde", indignam-se

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Foi à porta do Centro de Saúde do Bom Jesus, no Funchal e um dos mais concorridos da Região, que a Comissão de Utentes do Serviço Regional de Saúde denunciou ter recebido várias queixas dos utentes madeirenses, que relatam constrangimentos no serviço de Saúde que "já existiam e agora se agravaram", disse ao DIÁRIO a porta-voz da iniciativa. Carolina Cardoso conta que conhece histórias de cancelamento de cirurgias e adiamento de consultas na especialidade: " Chegam-nos notícias de utentes que desesperam para marcar consultas, tanto de as de médico de família, como outras. Há Centros de Saúde na Madeira que só têm vagas para análises em 2021. É gravíssimo. Quantas doenças vão ficar por diagnosticar por não haver um acompanhamento próximo aos utentes?", questiona.

Realizar a iniciativa em frente ao Centro de Saúde do Bom Jesus, "que engloba muitos utentes" serviu para alertar que "este é um problema transversal à Região". Carolina Cardoso justificou, afirmando "que basta chegar ao Serviço de Oncologia do hospital para ver utentes na rua à espera, sem que possam cumprir o distanciamento exigido, e ao sol, à chuva e ao vento". Por isso a Comissão de Utentes do Serviço Regional de Saúde exige que sejam criados espaços apropridados: "Constantemente higienizados, mesmo que sejam na rua, mas em que as pessoas não estejam ao sol e à chuva e se possam sentar. Quem procura estes serviços são sobretudos idosos, que já vêm fragilizados". 

Lembrando os dados disponibilizados pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, que estima que cerca de 15 mil cancros ficaram por diagnosticar durante a pandemia, a porta-voz da Comissão de Utentes regional quer também que a Secretaria Regional da Saúde informe o mesmo em relação à Madeira: "O que é que ficou por fazer na Região? Se já tínhamos casos gravíssimos de listas de espera, como é que estamos agora? Os números disponíveis no tal microsite do SESARAM, que devia ser de transparência, datam do final de 2018. Não temos dados de 2019, nem deste primeiro semestre de 202o que é essencial para perceber os impactos da pandemia". 

A Comissão de Utentes alerta ainda para o facto de a maior parte dos utentes na Região serem mais velhos que procuram os serviços para consultas de rotina, para diagnóstico de doenças e para receitas, acusando que o encerramento dos cuidados primários e serviços se urgência regionais agravaram o seu estado de saúde. "E receitas por mensagem não funcionam para muitos idosos. Muitos não têm telemóvel, outros não sabem mexer. É necessário um serviço mais próximo, além do reforço de recursos humanos. Já era preciso antes, agora ainda mais", reivindica.

Questionada sobre se o sector da Saúde na Região está preparado para um eventual aumento de casos de infecção pelo novo coronavírus, a porta-voz diz ser uma "preocupação" da Comissão de Utentes: "Qual vai ser a resposta? Vão fechar tudo de novo? Vimos como ficou a Saúde sem termos muitos casos, há utentes à espera desde o Estado de Emergência. É preciso reforço de recursos humanos a todos os níveis. A saúde não pode fechar, é a base. É preciso criar mecanismos e reforços para salvaguardar todos os utentes. É claro que  ainda não conhecemos bem o vírus, todos os dias há dados novos, mas não podemos agravar a saúde dos utentes como tem acontecido. Há casos oncológicos que se agravaram imenso. A covid-19 não pode servir de desculpa para o fecho quase total da Saúde". 

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