Madeira poderá ficar em desvantagem face aos Açores nos testes à Covid-19 feitos na origem
Em causa a rede de laboratórios abrangidos pelo acordo de testar na origem. A Madeira tem um, em Lisboa, os Açores contam com 166 unidades, de Norte a Sul do País
Embora o Governo Regional da Madeira tenha sido pioneiro em anunciar que os passageiros que viajassem para as duas principais ilhas do arquipélago iam poder fazer o teste laboratorial de despiste à Covid-19 gratuitamente, na origem, ou seja, em território continental, há quem veja como uma ‘ultrapassagem’ a aposta que o Governo Regional dos Açores fez ao estabelecer um acordo com uma rede de mais de uma centena e meia de laboratórios, privados e do sector social, que permitem agilizar os procedimentos a quem pretender viajar para àquele território insular atlântico.
O que foi visto por alguns players do sector do Turismo como uma vantagem da Madeira na captação do mercado nacional, depressa poderá revelar-se uma desvantagem, quando comparados os dois arquipélagos portugueses. Enquanto o Governo Regional firmou um acordo com apenas um laboratório, em Lisboa, onde os passageiros podem fazer o teste de despiste à Covid-19 sem qualquer custo, o Governo dos Açores fechou ‘negócio’ com uma rede de 166 unidades, espalhadas de Norte a Sul do país. Este elemento poderá ser decisivo quando dos portugueses escolherem o local onde passar as férias de Verão.
A medida que foi anunciada pelo Executivo de Miguel Albuquerque a meados do mês passado e que entrou em vigor ontem, dia 1 de Julho, determina que todos os passageiros que viagem para a Madeira têm a possibilidade de fazer um teste de despiste ao coronavírus SARS-CoV-2 pela metodologia RT-PCR no laboratório do CEDOC – Centro de Estudos de Doenças Crónicas, em Lisboa. Este despiste é concretizado mediante marcação prévia e cumprindo com uma série de requisitos, onde se inclui, naturalmente, o ter já adquirido a respectiva viagem, fazendo prova disso. Os testes, tal como o DIÁRIO já deu conta, apenas podem ser realizados entre as 8 e as 10 horas da manhã, de todos os dias úteis, cabendo aos passageiros o seu agendamento atempado, de modo a garantir que o resultado é conhecido dentro da janela temporal das 72 horas antes da chegada à Madeira.
Ainda assim, de acordo com o Instituto de Administração da Saúde (IASaúde), a aposta madeirense revela-se suficientemente robusta e abrangente, uma vez que neste processo nenhuma fase da estadia de qualquer passageiro terá sido negligenciada. “Hoje, é possível realizar testes à chegada nos Aeroportos da Madeira e do Porto Santo, mas conseguimos, também, assegurara a vigilância e o acompanhamento desses passageiros em território regional”, relevou ao DIÁRIO fonte daquele organismo público.
Face a eventuais críticas que têm surgido quanto ao facto de o acordo ter sido firmado com apenas uma entidade, o IASaúde revela que “num primeiro momento a prioridade foi encontrar um laboratório que assegurasse esse serviço a um preço que fosse ao encontro daquilo que se pretendia. E isso foi conseguido”, dá conta à nossa reportagem a mesma fonte, assegurando que “em relação ao Porto, está a ser ultimado outro protocolo, devendo ser anunciado muito em breve qual a instituição em causa”.
No que toca a possíveis limitações no horário em que são realizados os testes, o IASaúde salienta que “os critérios são do conhecimento público, e todas as necessidades que venham a ser reportadas pelos passageiros, serão analisadas. Estas foram as regras impostas pelo CEDOC, no início do processo, se houver necessidade de alteração, iremos trabalhar nesse sentido”, dando conta de que o horário poderá ser reajustado em função da procura, que caso se intensifique nos próximos dias poderá implicar, inclusive, a inclusão de outras instituições neste acordo.
Refira-se que cada teste realizado tem um custo para os cofres da Região na ordem dos 50 euros, enquanto o mesmo teste tem um valor de referência de 87,95 euros para o Governo dos Açores, de acordo com a informação veiculada pela Portaria n.º 82/2020, de 26 de Junho.
A confiança que o Governo Regional parece demonstrar na estratégia implementada, assenta, conforme nos foi revelado pelo IASaúde, no facto de ser dada aos passageiros a possibilidade de realizarem o teste previamente, mas também por esse teste poder ser feito à chegada, com uma capacidade de resposta não superior às 12 horas. A par disso, “o sistema informático que assegura o registo de todos os passageiros que chegam à Madeira e a monitorização dos mesmos é uma mais-valia”, sendo alcançado o objectivo de controlar todas as fases do processo, “algo que, neste momento, está assegurado”, garantem-nos.