PME de comércio que promovam produtos nacionais devem ser ajudadas
O consultor António Costa Silva propõe um programa de ajuda financeira direta às PME de comércio a retalho que promovam a oferta de produtos nacionais, segundo a versão preliminar do plano de recuperação económica pedido pelo Governo.
"Criar um programa de ajuda financeira direta às pequenas e médias empresas [PME] de comércio a retalho que promovam a oferta de produtos nacionais, em articulação com as restantes iniciativas propostas para este eixo", é uma das propostas de António Costa Silva na "Visão Estratégica para o plano de recuperação económica e social de Portugal 2020-2030", no qual é recordado que o comércio e os serviços estão entre os setores mais afetados pela crise decorrente da pandemia covid-19.
No documento, é também proposta a criação do Programa Portugal Repara, de "incentivos à reparação de equipamentos, orientada para facilitar a ligação entre o consumidor e as empresas de serviços de reparação, essencialmente as micro e pequenas e médias empresas, aproveitando sinergias existentes com pontos de atendimento disseminados pelo território e redes logísticas já existentes".
O objetivo é "combater a obsolescência programada e promover a extensão da vida útil dos equipamentos, designadamente equipamentos elétricos e eletrónicos", bem como promover o emprego em pequenas e médias empresas ligadas à reparação de equipamentos, "criando uma rede nacional de reparadores enquadrados num mecanismo de reconhecimento de qualidade de serviço".
O turismo é outro dos setores destacados na versão do documento a que a Lusa teve acesso, sendo salientado o facto de representar cerca de 13% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, motivo pelo qual "importa direcionar programas de apoio específicos para a sua revitalização".
Neste contexto, António Costa Silva defende que Portugal deve "promover um grande plano para captar a atenção dos mercados mais importantes com base nas valências que [...] apresenta em termos da sua diversidade geográfica e paisagística".
A oferta, lê-se no documento, "deve ser diversificada, explorando as diferentes partes do território e é importante apostar na qualidade e ter como indicadores não só o número de visitantes, mas também a rentabilidade por turista".
O consultor sugere que Portugal combine o turismo convencional com o turismo da natureza, o turismo da saúde, o turismo cultural e o turismo oceânico, construindo assim uma oferta competitiva.
"Portugal é um destino por excelência para a prática de turismo de natureza, dado que é detentor de um riquíssimo património natural, dispondo de uma enorme variedade de paisagens e elevada diversidade de 'habitats' naturais, com condições que permitem a realização de atividades de animação turística ajustadas aos diferentes segmentos" deste tipo de turismo, argumenta, sugerindo que "reuniões com os operadores desta área, como de outros setores, devem ser promovidas com os organismos públicos que as supervisionam, para captar ideias e mobilizar as empresas para projetos que possam ser marcantes e trazer benefícios para a indústria em geral".
Para Costa Silva, "é importante para o futuro que o turismo se desenvolva em maior articulação com outros setores da economia, evitando o recurso sistemático a mão-de-obra precária e desqualificada".