OMS diz que é errado concluir que transmissão da doença por pessoas sem sintomas é rara
A principal responsável técnica do combate à pandemia da covid-19 da Organização Mundial de Saúde afirmou hoje que não se pode concluir que a transmissão da doença por doentes assintomáticos a nível global é rara.
Na conferência de imprensa da organização na segunda-feira, Maria Van Kerkhove tinha dito que, de acordo com dados de alguns estudos que seguem especificamente pessoas que testaram positivo para a covid-19 mas não apresentavam sintomas, incluindo um feito em Singapura, “parece ser raro que um indivíduo assintomático transmita a doença a outra pessoa”.
Numa sessão de perguntas e respostas transmitida hoje pelas redes sociais, a epidemiologista afirmou que se estava a referir a “um conjunto muito pequeno de dois ou três estudos” cujos dados indicavam que era “muito rara” a transmissão secundária.
“Penso que é um mal-entendido afirmar que a transmissão assintomática a nível global é muito rara”, declarou hoje a norte-americana.
Se lidos ao nível global, os comentários de Maria Van Kerkhove na segunda-feira entram em contradição com o que autoridades de saúde de vários países, como o Reino Unido ou os Estados Unidos, têm defendido sobre a capacidade de as pessoas infetadas sem sintomas ou com sintomas muito ligeiros, transmitirem o vírus.
Vários estudos sugerem que a transmissão secundária a partir de pessoas sem sintomas acontece, mas muitos chegam a essa conclusão sem verificação empírica, baseando-se em modelos.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 406 mil mortos e infetou mais de 7,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.485 pessoas das 34.885 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou a ser o que tem mais casos confirmados, embora com menos mortes.