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Um pacto para o ambiente e qualidade de vida na Madeira

Fazem falta espaços verdes onde a população possa estar e usufruir sem ser de um modo meramente contemplativo

Hoje comemora-se o Dia Mundial do Ambiente, um dia simbólico que apela ao reconhecimento da importância da dimensão ambiental enquanto pilar do desenvolvimento a que acresce a sua contribuição decisiva para a sustentabilidade do crescimento. Enquanto se aguarda pela efectiva concretização do European Green Deal, modelo que se espera mais eficiente e capaz de minimizar ou mesmo evitar as contradições que impedem um mundo mais justo, equitativo e sustentável, por que não aproveitar para olhar para a Madeira, lançando uma iniciativa ambiental de grande alcance em torno da qualidade ambiental, bem estar das pessoas, contributo para uma maior resiliência ambiental e social?.

A ideia seria realizar um grande investimento, sim, algumas dezenas ou centenas de milhões de Euros na criação de uma rede integrada de infraestruturas verdes, similar ao que foi feito ao nível das infraestruturas cinzentas, em particular de comunicação e transportes. Ao nível de cada município, o projecto incluiria a expansão das áreas verdes e a sua reformulação conceptual e funcional, de modo a poder acomodar a presença e utilização por um número muitíssimo mais elevado de pessoas. No caso de impossibilidade de expansão, seria, então, a criação de novos espaços, já desenhados nessa lógica funcional. Estes espaços municipais, por sua vez, seriam interligados por um corredor verde, transversal a toda a ilha, tal e qual a via rápida o faz para trânsito automóvel. A dimensão desta via verde, em toda a sua longitude, assumiria o carácter de parque verde regional permitindo o acesso, a pé ou veículos sem motor, a qualquer parte da ilha e seria acessível, igualmente, a partir de qualquer espaço verde municipal ao qual estaria ligado. Temáticas da história, natureza, cultura, tradições da Madeira dariam corpo à organização de propostas programáticas e conteúdos ao longo do seu percurso, complementando o lazer, atividade física e fruição geral deste ambiente.

Irreal, impossível, a orografia, dirão uns, o custo, dirão outros. Como se diz acima, sim, é um investimento de muitos milhões, e só assim terá que ser para ser bem feito e funcionar. Não pode ser encarado como mero exercício de jardinagem complementar para enfeitar ou minimizar o aspecto do que quer que seja. Terá que ser a sério, com investimento adequado e assumido como fundamental para o que mais importa nesta terra: a qualidade de vida e o bem estar das populações residentes e de quem nos visita. É um tipo de infraestrutura fundamental como bem se pode verificar pelos tempos que hoje vivemos, e que certamente terá novas repetições no futuro. As vantagens de uma infraestrutura desta natureza, na saúde, na mudança de estilo de vida, na diferença de ver e fazer o mundo, este mundo inseguro e de incerteza, são mais que evidentes, nem que seja se não quisermos esquecer o que a COVID 19 nos ensina.

A par da disponibilidade, enquanto espaço verde, estética paisagística e melhoria da qualidade do ar, junta-se a prática de atividades ao ar livre, do desporto, diferentes formas de arte, educação, numa oferta alternativa, mais saudável e menos dependente das rotinas actuais mais orientadas para o consumo repetitivo e monótono de um comércio sem imaginação. Outros benefícios seriam a redução da pressão sobre os espaços naturais protegidos, mais segurança, acessibilidade universal, melhoria da qualidade visual da paisagem, criação de conectividade natural entre sistemas biofísicos, enfim, uma melhoria significativa da imagem e qualidade ambiental da Madeira.

Para se fazer isto é necessário investimento, o que significa, antes, que é necessário haver decisão, querer fazer, acreditar que isto é importante e decisivo para uma região que, felizmente, hoje dispõe de praticamente todas as infraestruturas de que necessita mas onde, paradoxalmente, fazem falta espaços verdes onde a população possa estar e usufruir sem ser de um modo meramente contemplativo.

Havendo decisão política, as dificuldades técnicas transformam-se em exercícios de inovação e criatividade e o resultado seria monumental, tal como hoje se vê no resto do que foi feito nestas última décadas.

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