Marcelo almoçou no restaurante de uma IPSS da Chamusca dirigido por activista
O Presidente da República respondeu hoje ao convite que lhe foi feito pelo ativista Eduardo Jorge e almoçou no restaurante que este tetraplégico que lutou pelo direito das pessoas com deficiência a uma vida independente dirige na Chamusca.
Com este almoço, que assinalou a abertura do restaurante “Algaz”, a funcionar desde segunda-feira para ajudar financeiramente o Centro de Apoio Social da Carregueira, no concelho da Chamusca (distrito de Santarém), Marcelo Rebelo de Sousa quis “agradecer e apoiar o trabalho de todas as instituições de solidariedade social” que existem no país.
Lembrando o trabalho que milhares de funcionários e de voluntários das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) realizam, sobretudo junto das populações mais vulneráveis, em “tempos dramáticos” da pandemia da covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa realçou a iniciativa do Centro de Apoio Social da Carregueira.
Eduardo Jorge, que teve um acidente de viação em 1991, ficando tetraplégico, viveu no lar da Carregueira até conquistar o direito a ser independente, depois de uma longa luta que incluiu uma viagem de três dias, até Lisboa, em cadeira de rodas, greves de fome, vigílias e um protesto em frente à Assembleia da República, numa cama e enjaulado, que terminou quando recebeu a visita do Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa visitou-o há um ano, na casa onde vive no concelho de Abrantes graças ao apoio de três cuidadoras, e hoje cumpriu a promessa de almoçar no restaurante “Algaz”, onde Eduardo Jorge retomou a atividade que ocupava os seus dias antes do acidente.
Horácio Ruivo, presidente da direção do Centro de Apoio Social da Carregueira, disse à Lusa que o restaurante vem ajudar a suportar os muitos encargos de uma instituição que acolhe mais de 50 idosos na sua Estrutura Residencial para Idosos e apoia 40 idosos no Centro de Dia e mais 40 pessoas no Apoio Domiciliário.
Foi, por isso, bem-vinda a proposta de Eduardo Jorge, que se tornou funcionário da instituição, de criar um restaurante no edifício que acolheu o centro de dia da instituição, criada em 1996, e que estava praticamente desocupado desde a inauguração das novas instalações, em 2015.
“Ele está feliz da vida e nós estamos agradecidos”, disse.
Horácio Ruivo afirmou que, além do restaurante, que criou seis novos postos de trabalho e tem uma capacidade para 120 pessoas (40 em fase da covid-19), a instituição apostou na instalação de painéis fotovoltaicos, que reduziram substancialmente a fatura elétrica, e na criação de uma horta, que fornece parte dos hortícolas usados na confeção das refeições.
Com cerca de 70 funcionários, várias carrinhas e toda a logística de uma instituição do género, o Centro tem custos “elevados para a sua capacidade financeira”, disse, salientando a insuficiência das verbas pagas pela Segurança Social e pelos utentes.
A acrescer, a instituição tem vindo a suportar os encargos do empréstimo contraído para terminar a obra do novo edifício, uma estrutura que resultou de uma contrapartida de uma das empresas instaladas no Ecoparque do Relvão, mas que a falência do construtor obrigou a uma reformulação do projeto e elevou o custo final da obra, num diferendo que se mantém com a Câmara da Chamusca, disse.
Eduardo Jorge pediu que a comunicação social mantenha a atenção no que se passa nos lares e afirmou esperar que a iniciativa hoje assinalada pelo Presidente da República leve outras instituições a acreditar que “é possível reinventar, fazer algo”.