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Ministro brasileiro depõe na polícia por suspeita de racismo

Foto Pedro França/ Agência Senado
Foto Pedro França/ Agência Senado

O ministro da Educação brasileiro, Abraham Weintraub, entregou na quinta-feira um depoimento por escrito à Polícia Federal após ter sido intimado num inquérito sobre alegado racismo contra chineses, optando por não responder às perguntas dos investigadores.

O ministro passou cerca de 20 minutos na sede da Polícia Federal, em Brasília, e, à saída, tinha à sua espera um grupo de apoiantes que o carregou nos braços.

“Quero dizer só uma coisa para vocês: a liberdade é a coisa mais importante da democracia, e a primeira coisa que vão tentar calar é a liberdade de expressão”, disse Weintraub aos seus apoiantes, usando um megafone, segundo a imprensa local.

A abertura do inquérito, a pedido do juiz Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi justificada por uma mensagem partilhada por Weintraub em abril, na rede social Twitter, em que usou a personagem Cebolinha da banda desenhada “Turma da Mónica” para sugerir que a pandemia do novo coronavírus faz parte de um “plano infalível” da China para dominar o mundo.

“Geopoliticamente, quem poderá sair fortalecido, em termos relativos, dessa crise mundial? Poderia ser o Cebolinha? Quem são os aliados no Brasil do plano infalível do Cebolinha para dominar o mundo? Seria o Cascão ou há mais amiguinhos?”, escreveu Weintraub, em 04 de abril, na sua conta no Twitter.

Cebolinha, uma das personagens infantis mais populares do Brasil, tem problemas de dicção e troca a letra “r” pela letra “l” ao falar, uma substituição que também é associada aos chineses.

O ministro acabou por apagar a mensagem posteriormente.

Segundo o canal televisivo CNN Brasil, que teve acesso ao documento entregue pelo governante na quinta-feira às autoridades, Weintraub manteve os argumentos contra a China presentes na publicação que deu origem à investigação.

De acordo com a CNN Brasil, o ministro usou declarações do Presidente norte-americano, Donald Trump, contra o país asiático para reforçar a sua defesa de que as insinuações contra a China são válidas, e afirmou que imputar um crime à publicação nas redes sociais fere a liberdade de expressão.

Weintraub argumentou que a sua polémica publicação feita no Twitter foi pensada como forma de abordar “um tema da maior seriedade, sem ser enfadonho, na dinâmica própria das redes sociais”.

Na ocasião da publicação, as autoridades chinesas exigiram uma retratação do Brasil após o comentário do ministro, que o país asiático descreveu como “fortemente racista”, acrescentando que causaria “influências negativas” nas relações entre os dois países.

Num comunicado oficial, também publicado no Twitter em abril, a embaixada da China sustentou que o governante brasileiro, “ignorando a posição defendida pelo lado chinês em vários esforços, fez declarações difamatórias contra o país nas redes sociais e estigmatizou Pequim ao associá-lo à origem da covid-19”.

Em relação à pandemia do novo coronavírus, o Brasil acumulava na quarta-feira 32.548 vítimas mortais e 584.016 casos confirmados, sendo o segundo país do mundo com mais infetados e o quarto com o maior número de mortes.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 387 mil mortos e infetou mais de 6,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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