Ordem dos Médicos diz que retoma da actividade programada não pode ser impedida
O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) defendeu hoje que a retoma da actividade programada nos hospitais embora gradual não deve ser impedida em função da zona do país que regista mais ou menos casos de covid-19.
“A retoma tem de ser gradual e é o que está a acontecer nos hospitais, nomeadamente aqui no Norte como constatamos hoje, mas acho que é um erro neste momento estar a impedir, nomeadamente nos hospitais de Lisboa, que a retoma se vá exercendo”, disse Miguel Guimarães.
O bastonário da OM comentava assim o facto de neste momento alguns hospitais da zona de Lisboa e Vale do Tejo estarem a sentir uma pressão maior devido ao número de casos do novo coronavírus, que agora se concentra nessa região.
Mas convidado a comentar se admite uma retoma da actividade programada a duas velocidades, Miguel Guimarães disse que “os doentes não podem esperar mais, têm de ser observados, têm de fazer os exames complementares de diagnóstico e têm de ser operados”.
“É um número muito grande de doentes que pode ter uma implicação muito grande na morbilidade e até na própria mortalidade”, referiu.
O bastonário da OM aproveitou para fazer um apelo para que as pessoas deixem de ter medo de regressar aos hospitais e centros de saúde, garantindo que estes “estão organizados” e têm “circuitos independentes covid e não covid”.
“As pessoas não podem ter medo de vir aos hospitais. Têm de continuar a ter respeito pela infceção e seguir as recomendações da DGS [Direcção-Geral da Saúde], mas retomar a vida normal não é só supermercados ou restaurantes, inclui os serviços de saúde”, concluiu.
Portugal contabiliza pelo menos 1.465 mortos associados à covid-19 em 33.969 casos confirmados de infecção, segundo o último boletim diário da Direcção-Geral da Saúde (DGS) divulgado hoje.
Relativamente ao dia anterior, há mais 10 mortos (+0,7%) e mais 377 casos de infecção (+1,1%).
O número de pessoas hospitalizadas subiu de 445 para 475, das quais 64 se encontram em unidades de cuidados intensivos (mais seis).
O número de doentes recuperados é de 20.323.
Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, que sexta-feira foi prolongado até 14 de junho, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Esta fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório apenas para pessoas doentes e em vigilância activa e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.
Novas medidas entraram em vigor na segunda-feira, 01 de junho, com destaque para a abertura dos centros comerciais (à excepção da Área Metropolitana de Lisboa, onde continuarão encerrados até 14 de junho, pelo menos), dos ginásios ou das salas de espectáculos.