Gasolina subiu de preço na Venezuela mas continuam dificuldades no abastecimento
As filas para obter combustível multiplicaram-se hoje em várias regiões do país com a população a queixar-se de que mesmo a preços internacionais depara com dificuldades para se abastecer.
A população queixa-se ainda de que há estações de serviço encerradas por falta de combustível apesar de na semana passada a Venezuela ter recebido gasolina importada do Irão.
“Continuamos a ter dificuldades para comprar gasolina. Estive em fila desde as 04:00 (09:00 em Lisboa) e pelas 14:00 veio uma pessoa da bomba, contaram uns 30 carros e notificaram-nos que não seríamos atendidos”, explicou à Lusa uma lusodescendente.
Contrariada Elizabeth Teixeira viu “perdido mais um dia” em La Florida, Caracas, e queixa-se de que terá que esperar para a próxima semana, porque pelo número da matrícula corresponde-lhe as quintas-feiras para poder abastecer.
“Já não sei o que fazer, ainda bem que os meus dois filhos não estão a ir às aulas, porque não sei como faria para levá-los, um para o colégio e o outro para a universidade”, explicou.
Em Caracas, localidades como Las Mercedes, El Paraíso, Fuerte Tiuna, registavam filas de vários quilómetros de pessoas, com a televisão estatal a apelar à população que mantenha a calma, que esperem que diminua a procura e que não saia de casa se não for necessário.
Sete quilómetros a sul de Caracas, na estrada que liga a capital a El Junquito, dezenas de motoristas protestaram porque não eram atendidos e reclamaram aos agentes de autoridade presentes por a estação de serviço local apenas abastecia o setor do transporte público de passageiros.
Nesse local, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP) foi detida a jornalista Carol Romero da rádio FM Center, quando gravava os clientes que protestavam.
Hoje, segundo a imprensa local, registaram-se protestos nos Estados de Falcón, Anzoátegui, Barinas, Lara, Nova Esparta e Portuguesa.
Por outro lado, em Cabimas, no Estado venezuelano de Zúlia (660 quilómetros a oeste de Caracas), a população incendiou uma estação de serviço alegadamente em protesto porque os efetivos da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar) cobraram 20 dólares (18 euros) a cada motorista.
Em Araya, no Estado venezuelano de Sucre (290 quilómetros a leste de Caracas) os pescadores protestaram por não conseguirem combustível para fazer funcionar os barcos.
Várias estações de localidades do sul do Estado venezuelano de Bolívar (a sudeste do país) esperam a chegada de combustível desde há várias semanas.
O Presidente Nicolás Maduro anunciou, no sábado, que a partir de 01 de junho o preço do combustível seria afixado pela primeira vez em dólares norte-americanos, com subsídios para alguns setores através do Cartão da Pátria, uma situação que a oposição diz ser discriminadora.
“Chegou a hora de avançar com uma nova política, uma nova realidade”, disse Nicolás Maduro à televisão estatal.
A gasolina aumentou e aumentou de 0,0002 para 0,50 dólares (de 0,00018 euros para 0,45 euros) por litro e para 5.000 bolívares soberanos (0,022 euros) por litro para os setores subsidiados.
O aumento da gasolina ocorre depois de várias semanas de escassez de combustível, devido à impossibilidade de as refinarias locais continuarem a produzir.
Na semana passada chegaram à Venezuela cinco navios com combustível proveniente do Irão, uma operação que foi questionada pelos Estados Unidos por alegadamente violar a segurança regional.