Tempestade Amanda deixa rasto de morte e de devastação na América Central
A tempestade tropical Amanda deixou domingo um rasto de morte e de devastação no norte da América Central, sobretudo na Guatemala, Honduras e El Salvador, o país mais afectado com um balanço de 15 mortes e sete desaparecidos.
Segundo os dados oficiais, hoje divulgados, além da destruição em vários países, a tempestade provocou também dois mortos na Guatemala e Honduras.
“Hoje vimos a morte próxima de nós. Nunca tinha assistido a uma tal catástrofe”, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) Enrique Viera, 55 anos, habitante da comuna de Nuevo Israel (sudoeste de El Salvador), onde cerca de 50 casas ficaram destruídas ou parcialmente danificadas devido à ventania, chuva e força do mar. Uma mulher morreu quando tentava salvar o seu cão da enxurrada.
Segundo um balanço provisório das autoridades salvadorenhas, são 24.125 as famílias que viram as suas casas destruídas parcial ou totalmente, sendo ainda necessário proceder a 7.225 evacuações a partir de 154 localidades em todo o país.
Mais de 150 deslizamentos de terras provocaram danos materiais em estradas, 83 delas de forma grave, o que tem estado a dificultar o tráfego rodoviário e o encaminhamento de ajuda e de socorros.
Tal como em El Salvador, os violentos ventos da tempestade, seguida por autênticas trombas de água, destruíram casas e estradas na Guatemala e nas Honduras, onde ambas as autoridades oficiais ainda não divulgaram os prejuízos materiais.
Nos três países, a situação agravou-se com os cortes de electricidade e nas canalizações de água potável.
A tempestade dissipou-se domingo na Guatemala, mas as chuvas moderadas e intermitentes têm persistido em El Salvador, onde já caíram 500 milímetros de água em dois dias, quando a média anual é de 1.800 milímetros, segundo indicou o Ministério do Ambiente salvadorenho.
O Presidente salvadorenho, Nayib Bukele, estimou os prejuízos em cerca de 200 milhões de dólares.
Os perto de 50 milhões de habitantes do istmo centro americano (com 533.000 quilómetros quadrados de superfície) estão constantemente sob ameaça de catástrofes naturais provocadas por ciclones, sismos ou erupções vulcânicas
Os efeitos das catástrofes naturais são ainda agravados pelo “défice histórico” de qualidade da construção nas zonas urbanas, tal como defendem especialistas no sector.
“O planeta e a natureza lembram-nos de quem comanda e estas chuvas intensas são o resultado das alterações climáticas”, disse à AFP Ricardo Navarro, director da Cesta, uma organização não-governamental salvadorenha de defesa do ambiente.
“A destruição e a morte que vemos actualmente são o resultado de más decisões, de quem autoriza a construção (de habitações) em zonas ecológicas de captação de água”, afirmou, por seu lado, Mauricio Sermeño, coordenador da União Ecológica Salvadorenha (UNES).