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Arquitecto da resposta da Suécia admite que estratégia pode ser melhorada

Foto EPA/ANDERS WIKLUND
Foto EPA/ANDERS WIKLUND

O epidemiologista sueco Anders Tegnell, que desenhou a resposta da Suécia à pandemia, admitiu hoje que morreram demasiadas pessoas e que podiam ter sido impostas mais restrições, apesar de ter dúvidas sobre quais seriam mais eficazes.

Anders Tegnell, diretor do organismo de saúde pública sueco, continua a defender a abordagem da Suécia, menos restritiva do que a da generalidade dos países e que passou nomeadamente por não impor o confinamento da população, mas disse que há “obviamente potencial para aperfeiçoar o que foi feito”.

“Se enfrentássemos a mesma doença sabendo exatamente o que sabemos hoje, penso que faríamos algo entre o que a Suécia fez e o que o resto do mundo fez”, disse o epidemiologista à rádio pública sueca.

O epidemiologista frisou que “seria bom saber exatamente o que encerrar para melhor controlar a propagação da infeção”, assumindo não ter certezas sobre se a solução passaria por tomar mais medidas, quais as medidas e a que ritmo.

“A Suécia é um dos poucos países que foi fechando progressivamente, o resto [dos países] começou por [fechar] muito de uma só vez. O problema é que não se sabe que medidas foram mais eficazes”, explicou.

A estratégia sueca focou-se no isolamento de grupos de risco e no apelo à responsabilidade individual dos cidadãos, assente sobretudo em recomendações à população, não tendo sido ordenado o confinamento da população nem o encerramento de escolas, ginásios, restaurantes, cafés ou bares.

A população foi aconselhada a privilegiar o teletrabalho, a limitar os contactos sociais e a lavar as mãos regularmente, tendo como únicas imposições a proibição das concentrações de mais de 50 pessoas e as visitas aos lares de idosos e o encerramento das escolas secundárias e universidades.

Até ao momento, o país regista 38.589 casos de infeção pelo novo coronavírus e 4.468 mortes associadas à covid-19, uma taxa de 43,2 mortes por 100.000 habitantes que é muito superior à dos países vizinhos (Dinamarca 9,9, Finlândia 5,8 e Noruega 4,4) e à de países com a mesma população, como Portugal (13,7).

Questionado sobre se morreram demasiadas pessoas na Suécia, o responsável respondeu: “Sim, sem dúvida”, acrescentando que as autoridades vão ter de avaliar no futuro se havia forma de prevenir tantas mortes.

A estratégia sueca tem sido criticada no país e no estrangeiro e, esta semana, pressionado pela oposição, o Governo prometeu criar uma comissão para avaliar a resposta à pandemia.

As autoridades continuam, no entanto, a defender as medidas, embora admitindo o fracasso na proteção dos idosos, que representam dois terços do total de mortes no país.

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