Os “ERRES” presidenciais
O Presidente da República (PR) procurou dar-nos uma explicação para o rápido aumento dos surtos da pandemia na área de Lisboa. Como “bom” político e para evitar que o que diz hoje possa comprometê-lo amanhã escudou-se na opinião dos peritos ainda que não se coibindo de citar os famosos “erres”, Ro e Rt, indicadores que medem respetivamente o índice de propagação do vírus e o nº. médio de contágios por doente. E foi aqui que o PR meteu os pés pelos “erres” e não foi capaz de acertar na matemática. Esclareçamos, é um facto indesmentível que a partir do início de Maio os valores dos referidos indicadores têm vindo a aumentar continuamente estando já acima de 1 o que indica que a pandemia está outra vez a crescer em Portugal, ao contrário do que se está a passar na generalidade dos países da UE. Para além dos “erres” o PR falou também na “enorme” quantidade de testes que estarão a ser feitos e aqui quase nos fez lembrar a lógica de Trump ao procurar convencer os seus apoiantes de que “se há mais infetados é porque há mais testes”. Para rematar o seu comentário pleno de “otimismo”, talvez contagiado pelo Primeiro Ministro, sobre a evolução atual da pandemia em Lisboa, não resistiu a fazer uma insinuação dando a entender que Portugal está a ser transparente na publicação de dados sobre a pandemia e que os outros países nem por isso. Fiquei desolado foi com a sua constatação que “não tinha explicação” para o que se estava a passar. Tanta gente inteligente que o assessora e ninguém percebeu que a falta de investimento na rede de transportes públicos em qualidade e quantidade que obriga os utentes nas horas de ponta a apertarem-se como sardinha em lata mandando às urtigas qualquer distância de segurança poderá ser certamente uma das causas. Continuam a verificar-se surtos graves em lares e nas prisões o que demonstra que as medidas de prevenção e despiste continuam a falhar, pondo inclusive em causa a metodologia utilizada para a realização de testes.