Bispo foi até às periferias em dia de S. João Baptista
O bispo da diocese do Funchal, D. Nuno Brás, visitou, anteontem, a paróquia de São João Baptista, na freguesia da Fajã̃ da Ovelha, uma das freguesias mais distantes do centro do Funchal, desertificada e envelhecida, em que pela primeira vez, não há catequese devido à ausência crianças.
D. Nuno Brás referiu ao DIÁRIO que a sua vinda à̀ paróquia da Fajã da Ovelha deveu-se à importância de estar com as pessoas e, sobretudo, ajudar a celebrar esta solenidade numa altura em que não é́ possível realizar a tradicional festa popular no exterior, à qual estávamos habituados.
O prelado começou por realçar que a 24 de Junho foi celebrada a solenidade do nascimento São João Baptista. “É́, sem dúvida, uma solenidade importante na liturgia e na vida da Igreja”. Afirmou ainda que este santo popular “é́ querido na vida de muitos cristãos” e só isso bastaria para que o bispo viesse à referida paróquia. Um outro facto é que a paróquia celebrava o seu Santo padroeiro.
D. Nuno Brás, questionando pelo DIÁRIO sobre a desertificação daquela paróquia, aflorou que o problema não é exclusivo desta localidade, mas comum a toda a ilha. O problema da demografia “é dramático” e preocupa-o. “A solução poderá passar antes de mais por deixar de lado os egoísmos, no fundo por criarmos cada vez mais. A Madeira é́ uma terra de gente que se entrega. Novas crianças e vidas novas são importantes e fazem parte da nossa missão, como Igreja, de dar Vida, que floresça e cresça, dado que é́ facto importante na vida dos cristãos”.
O prelado afirmou que, relativamente ao património religioso, está a continuar a obra realizada por D. Teodoro de Faria que dele muito cuidou. Mas é também obra das autoridades civis e dos poderes autárquicos, municipais e do governo regional, como se nota pelos apoios que deu a esta paróquia. “A comunidade cristã é depositaria destes tesouros do património e nesse sentido estes tesouros foram criados para louvor de Deus e para a vida da comunidade cristã. Continuamos a cuidar dele mas é importante que as autoridades percebam que este é um dos grandes patrimónios da nossa ilha e nos faz encontrar pela visão e pela maneira de estar aquilo que foram os nossos antepassados e que nos convida a ser hoje com Deus dignos herdeiros dos nossos antepassados”. A preservação do património requer um conjunto de fundos que não está ao alcance de paróquias pequenas. Daí a relevância da ajuda do poder autárquico na preservação dos mesmos.
Adiantou ainda ao DIÁRIO que “o nosso coração e nosso pensamento estão sempre com os emigrantes e, mesmo estando longe, impossibilitados de estar cá, não deixarão de viver esta data junto dos seus familiares e amigos e de ir à̀ eucaristia, vivendo a festa como nós aqui fazemos. A fé ultrapassa fronteiras, tempos e distâncias geográficas.
Por fim, D. Nuno Brás saudou o concelho da Calheta por comemorar 518 anos. “Significa que este concelho já é herdeiro de uma grande tradição e portanto não é uma realidade nova. Contudo não podemos ficar a olhar para o antigamente, para o passado. Precisamos de ter novos horizontes e de viver hoje a fé. Muita vezes olhamos para fé como uma realidade passada. A fé é uma realidade do hoje, é uma realidade importante para nossa vida. Estas igrejas e todo este património falam-nos da fé daqueles que nos precederam e também da fé que nós herdamos, pois Jesus Cristo é́ alguém de hoje”.