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Morte de Floyd trouxe maior consciência sobre racismo e está a levar ao revisionismo

Um mês depois, a morte do afro-americano George Floyd nos Estados Unidos trouxe uma maior consciência mundial sobre a questão do racismo que, por sua vez, está a ser pretexto para uma polémica onda de revisionismo histórico.

A morte de Floyd, a 25 de maio, filmada por transeuntes e profusamente divulgada nas redes sociais, desencadeou fortes protestos por todos os Estados Unidos, entre atos de violência, pilhagens e manifestações pacíficas, que, pouco depois, alastraram um pouco por todo o mundo.

Face a mais uma morte de um afro-americano pela polícia, sobretudo por um agente branco, a minoria negra nos Estados Unidos (13% da população, segundo as estatísticas oficiais), e num contexto eleitoral das presidenciais norte-americanas de 03 de novembro próximo, a questão do racismo ganhou maior protagonismo.

Um efeito da contestação passa pelos vários projetos, republicanos e democratas, de reforma das instituições de segurança nos Estados Unidos, sobretudo na força policial, que estão a ser debatidos ao mais alto nível.

A confusão tomou conta do tema e a medida está a ser aproveitada para outras reivindicações, sobretudo através do revisionismo histórico para a retirada de estátuas direta ou indiretamente relacionadas com o colonialismo e a escravatura.

Uma das mais polémicas e recentes é a de Theodore Roosevelt (chefe de Estado norte-americano entre 1901 e 1909) presente no Museu de História Natural de Nova Iorque, erigida em 1940 e que é criticada por glorificar o racismo e o colonialismo, atacando-se, desta forma, “os símbolos poderosos e dolorosos de um racismo sistemático”, tal como argumentou a presidente da instituição, Ellen Futter.

Antes, já a do líder confederado Robert E. Lee, um dos generais que lutou pela manutenção da escravatura na Guerra da Secessão norte-americana, bem como as do antigo primeiro-ministro britânico, Winston Churchil, e até do navegador Cristóvão Colombo, entre outras figuras política, religiosas e culturais, como Miguel de Cervantes, cuja estátua em São Francisco foi pintada com a palavra “bastardo”.

A “revolta” aproveitou o “exemplo” de um protesto contra o racismo em Inglaterra, a 07 deste mês, em Bristol (oeste), quando um grupo de manifestantes retirou a estátua do comerciante de escravos Edward Colston, e atirou-a ao rio, a que se seguiram a do magnata britânico Cecil Rhodes e a do negreiro escocês Robert Milligan.

Ainda a braços com a pandemia de covid-19, em que os Estados Unidos continuam a ser, de longe, o país mais afetado (mais de 120 mil mortos e mais de 2,2 milhões de casos), o Presidente norte-americano, Donald Trump, chegou a gerar alguma polémica depois de ameaçar convocar o exército para controlar as centenas de protestos.

Com as presidenciais a aproximarem-se, Trump, que irá defrontar o candidato democrata, Joe Biden - acabaria por desistir da ideia, sobretudo depois das palavras do secretário da Defesa norte-americano, Mark Esper, que se recusou a pôr os militares nas ruas.

Ainda politicamente, e pelo meio, houve tempo para Trump insistir no apoio a Israel para a anexação dos colonatos na Cisjordânia, continuar a guerra comercial contra a China, a impor sanções financeiras ao Irão e a vários membros do Tribunal Penal Internacional (TPI) e ainda às contínuas críticas à Organização Mundial de Saúde (OMS), que considera ter atuado mal no início da gestão da crise sanitária de Covid-19.

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