Caracas denuncia incursão da marinha norte-americana e ameaça retaliar
O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, denunciou hoje que uma embarcação da marinha dos EUA se aproximou, terça-feira, a 30 milhas náuticas da costa venezuelana, num “ato claro de provocação” que Caracas ameaça responder militarmente.
Segundo Vladimir Padrino Lopez, trata-se de um ato “próprio da atitude arrogante de um Governo que pretende, pela violência, acabar com a soberania” da Venezuela.
“Esses atos questionam a nossa legislação marítima e a vigilância contínua e permanente nas nossas águas jurisdicionais. Não estamos a brincar com armas nem a lançar flores e caramelos ao governo norte-americano. Dizemos-lhes que não ousem navegar nem fazer operações militares nas nossas águas, porque receberão respostas das nossas Forças Armadas Bolivarianas (FANB)”, garantiu.
Vladimir Padrino López falava durante um discurso comemorativo do 199.º aniversário da Batalha de Carabobo e dia do Exército venezuelano, que teve lugar no Campo de Carabobo (centro do país) sem o tradicional desfile militar devido à quarentena da covid-19.
“Se se atreverem a fazer operações, atos, que aos que chamam atos de lei, no mar que pertence à Venezuela, vão receber uma resposta digna, patriota, da Venezuela e da nossa Marinha Bolivariana”, frisou.
Segundo o ministro, os EUA estão a realizar “práticas miseráveis, que representam um ato infantil”.
“Hoje estamos a combater todas as agressões que vêm do império para tomar o nosso povo e transformar os soldados em tontos úteis, para seus propósitos. Quanto mais agressões, mais unidos eles nos vão ver”, disse.
O ministro insistiu que hoje, mais do que nunca, a Venezuela necessita de uma união nacional sem precedentes, perante as agressões norte-americanas, que tenta bloquear o país e provocar fome.
O Comando Sul dos Estados Unidos anunciou segunda-feira que uma embarcação da Marinha norte-americana “navegou legalmente por uma área” que o Governo venezuelano “afirma falsamente ter controlada”.
O navio norte-americano “USS Nitze”, da classe Arleigh Burke, permaneceu a mais das 12 milhas náuticas (cerca de 22 quilómetros) que marcam o limite das águas jurisdicionais venezuelanas e depois, segundo um comunicado do Comando do Sul, passou a uma área que a Venezuela diz ser sua, apesar de não ter um controlo eficaz o que é inconsistente com o direito internacional.
O comunicado não precisa que área marítima das Caraíbas se refere, no entanto a imprensa venezuelana refere que teria sido 30 quilómetros à frente das cidades de San Juan de Los Cayos e de Aguide, no Estado venezuelano de Falcón (centro-norte do país).