China ameaça retaliar após EUA restringirem operações de media chineses
A China ameaçou hoje retaliar a decisão dos Estados Unidos de classificar quatro media estatais chineses como “missões diplomáticas estrangeiras”, acusando-os de serem “órgãos de propaganda” ao serviço do Partido Comunista da Chinês.
“Esta medida expõe a hipocrisia da chamada liberdade de expressão e de imprensa de que os Estados Unidos se orgulham”, apontou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian.
O porta-voz pediu a Washington que “retroceda imediatamente com a sua decisão”, advertindo que, caso contrário, a China terá a “reação apropriada”.
David Stilwell, secretário-adjunto do Departamento de Estado para assuntos do Leste Asiático e do Pacífico, avançou na segunda-feira que a China Central Television, o China News Service, o Diário do Povo e o Global Times vão ter de fornecer detalhes sobre funcionários e propriedades que detenham nos EUA ao seu departamento.
“Estas entidades não são organizações noticiosas independentes; são efetivamente controladas pelo Partido Comunista Chinês”, disse Stilwell.
Trata-se da segunda vez que os EUA designam meios de comunicação chineses como entidades estrangeiras, exigindo que se submetam às regras e regulamentos que cobrem as missões diplomáticas.
Em fevereiro passado, cinco meios de comunicação, incluindo a agência noticiosa oficial Xinhua e a televisão estatal CGTN, passaram a estar obrigados a cumprir com aqueles regulamentos.
Em retaliação, a China expulsou, em março passado, jornalistas dos órgãos norte-americanos New York Times, Wall Street Journal e Washington Post.
A relação entre China e EUA deteriorou-se, nos últimos anos, com Washington a definir Pequim como a sua “principal ameaça” e a apostar numa estratégia de contenção das ambições chinesas, que ameaça bipolarizar o cenário internacional.
Os dois países enfrentam já uma guerra comercial e tecnológica e disputam a influência na Ásia. A pandemia do novo coronavírus veio agravar as tensões, com o Presidente norte-americano, Donald Trump, a culpar o Governo chinês por um surto que os Estados Unidos foram incapazes de conter.
“Estas pessoas estão a fazer mais do que apenas propaganda e para entender exatamente o que é, precisamos saber quem eles são. Trata-se de entender o que está a acontecer dentro do nosso próprio país; somos uma nação livre”, acrescentou Stilwell.