PSP detém funcionários da Autoridade Tributária ligados ao Aeroporto de Lisboa
A PSP deteve hoje 14 funcionários da Autoridade Tributária ligados ao Aeroporto de Lisboa e constituiu outros 13 arguidos no mesmo processo, por peculato e falsificação de documentos.
O Comandante Operacional da Divisão Criminal de Lisboa, Nuno Pereira, explicou à agência Lusa que esta detenção e constituição de arguidos resultou de mais de um ano de investigação sobre esta atividade delituosa.
Segundo explicou Nuno Pereira, estes detidos e a restante rede “facilitavam a entrega e chegada de objetos”, que eram retidos e dados como perdidos e não era reclamados. Os objetos eram posteriormente revendidos ou usados em benefício próprio.
Na operação foram realizadas 30 buscas domiciliárias que levaram à descoberta de “centenas de objetos” (como computadores, telemóveis, relógios e outros objetos pessoais) desviados por via do esquema ilícito, mas também três armas de fogo e uma de pressão de ar não legalizadas.
Dos 14 detidos, 13 pertenciam à Autoridade Tributária (AT) e um deles foi detido por posse ilegal de arma, sendo que no mesmo esquema acabaram arguidas outras 13 pessoas, que não ficaram detidas.
Nuno Pereira destacou que a AT e os detidos acabaram por não colocar obstáculos à investigação policial e foram colaborantes em “desmascarar o esquema ilegal”.
Os detidos serão nas próximas 48 horas presentes a primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação.
Em comunicado posterior às declarações, o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) explica que a operação foi realizada na manhã de hoje, nos distritos de Lisboa, Porto, Santarém, Setúbal e nos Açores, envolvendo “dezenas de crimes de peculato e de falsificação de documentos”.
“Ao longo de aproximadamente um ano foram investigados vários crimes praticados por funcionários da Autoridade Tributária, no Aeroporto Humberto Delgado (Lisboa), no âmbito das suas funções, nomeadamente a apropriação ilegítima de objetos e mercadorias que os mesmos tinham acesso no âmbito da sua atividade profissional, os quais, escapando ao controlo e supervisão, passavam a integrar as suas esferas patrimoniais”, adianta a PSP.
A polícia recolheu prova “tendo em vista a consolidação dos indícios já recolhidos e que resultaram na execução de 27 buscas domiciliárias e dezenas de outras não domiciliárias”, nos locais de trabalho.
A polícia suspeita de centenas de objetos “desencaminhados do aeroporto e encontrados nas habitações dos arguidos, destacando-se relógios, perfumes, computadores portáteis, telemóveis e outros objetos de natureza genérica”.
No âmbito da operação, foram apreendidos “diversos aparelhos eletrónicos suspeitos de conter elementos de informação importantes para a investigação: três armas de fogo (dois revólveres de calibre .22 e .38 e uma pistola calibre 6.35 mm e outra de ar comprimido”.
“Além das 13 detenções já indicadas, ressalte-se uma detenção em flagrante delito por posse de arma proibida e ainda 13 outros suspeitos constituídos arguidos”, precisa a PSP.