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Transportes parados na Venezuela por falta de subsídio ao combustível

As longas filas para obter combustível continuaram hoje na Venezuela, por segundo dia consecutivo, com os transportes públicos paralisados em Carabobo (centro do país) por falta do prometido subsídio e queixas de falta de gasolina em estações de serviço.

“Tive problemas porque alguns empregados não puderam vir porque o transporte está paralisado pela falta de combustível e porque o Governo anunciou que os autocarros teriam acesso a gasolina subsidiada o que não aconteceu”, explicou um comerciante português à agência Lusa.

Manuel Neves administra uma pequena distribuidora de víveres em Carabobo que prestou atenção limitada aos clientes.

Segundo o diário El Carabobeño, as paragens estiveram repletas de utentes durante a manhã de hoje, mas os autocarros não sairão do estacionamento.

O presidente do Sindicado do Voltante, Adolfo Alfonzo, explicou aos jornalistas que a paralisação “não é uma greve”, mas um protesto pela falta de combustível e porque é impossível pagar a gasolina a preços internacionais.

“Estamos como um barco à deriva. Não há combustível e há muita incerteza sobre o (subsídio) que nos prometeram”, disse, precisando que algumas estações de serviço funcionariam exclusivamente para aquele setor, o que ainda não se concretizou.

Na Venezuela, o transporte público de passageiros funciona maioritariamente com viaturas dos motoristas, que são autorizados a explorar distintas rotas.

Segundo a imprensa local, alguns condutores tiveram de pagar o combustível com notas de dólares norte-americanos, porque o sistema de pagamento apenas funciona com os estatais Banco do Tesouro, Banco de Venezuela e Banco Bicentenário e os bancos apenas dispensam 200 mil bolívares (0,90 euros) o que dá apenas para dois litros de gasolina, ao preço atual.

Em Caracas, as filas para abastecimento eram hoje visivelmente mais longas, em localidades como El Rosal (leste da capital) onde os carros passavam pela vizinha Chacaíto e chegavam a Sabana Grande.

Ainda na capital, nos municípios Libertador, Chacao e Baruta, os utentes queixaram-se aos jornalistas de que esperavam há cinco horas pelas cisternas com gasolina porque algumas estações de serviço estavam sem combustível.

Vídeos divulgados nas redes sociais dão contra dos momentos em que a população reclamava contra o encerramento de estações combustível antes do horário previsto.

Num dos vídeos, uma mulher grita a um militar que está à espera desde as 03:00 (08:00 em Lisboa) e que a bomba foi encerrada no momento em que chegava a sua vez.

Trinta quilómetros a sul de Caracas, os condutores bloquearam a circulação pela estrada Panamericana (que liga Santo António de Los Altos e Los Teques à capital do país) exigindo gasolina.

O Presidente Nicolás Maduro anunciou, no sábado, que a partir de 01 de junho o preço do combustível seria afixado pela primeira vez em dólares norte-americanos, com subsídios para alguns setores através do Cartão da Pátria, uma situação que a oposição diz ser discriminadora.

“Chegou a hora de avançar com uma nova política, uma nova realidade”, disse Nicolás Maduro na televisão estatal venezuelana, indicando que o transporte público de passageiros teria subsídio a 100%.

O aumento da gasolina ocorre depois de várias semanas de escassez de combustível, devido à impossibilidade de as refinarias locais continuarem a produzir.

A escassez obrigou os motoristas a fazer filas de três e quatro dias para abastecerem 20 litros de combustível, muitas vezes sem sucesso.

Na semana passada chegaram à Venezuela cinco navios com combustível proveniente do Irão, uma operação que foi questionada pelos Estados Unidos por alegadamente violar a segurança regional.

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