Comportamentos de risco
Aos quatro meses de vida “em confinamento”, começaram a relaxar, a adaptar, a desvalorizar ... o que pode ser natural, mas não é muito bom, porque estas epidemias existem, combatem-se e muito especialmente, evitam-se. E vale mesmo a pena colocar numa balança, aquilo que aconteceu de mau, durante este ano até á data, versus, aquilo que poderá acontecer de bom, daqui em diante. Vou tentar explicar o meu ponto de vista: existem doenças consideradas evitáveis, existem as doenças com características e factores reconhecidamente hereditários - que podem transmitir-se de geração em geração - e ainda existem as doenças inevitáveis. Entre aquelas que estão relacionadas com factores hereditários, algumas delas podem ser retardadas ou atenuadas, de acordo com os hábitos alimentares, comportamentais ... e aqui o exercício físico - executado em ginásios ou ao ar livre - é um factor de atenuação de algumas doenças crónicas, com significativo “peso” genético. As pneumonias, as infecções urinárias, as otites e outras tantas infecções oportunistas, são doenças realmente inevitáveis. E porque são natural e eficientemente tratadas... na grande maioria dos casos atribuímos menos importância, também porque na sua origem estão bactérias, fungos ou vírus, existentes no ar e no meio ambiente... havendo sempre alguns indivíduos mais e outros menos resistentes a estes organismos infecciosos. Pode também haver grande influência no excesso dos níveis de poluição atmosférica, situação que considero ser um problema de actividades e funcionalidades empresariais “fora da lei”, passíveis de serem consideradas actos sanitários criminosos e ostensivos, muitas vezes desvalorizados quando deveriam ser duramente penalizados. A utilização do carvão como combustível, é um exemplo de um foco tremendo de poluição ambiental não penalizado, provocando a contaminação da atmosfera, transformando-a num ambiente facilmente portador de elementos nocivos e infectantes. Finalmente temos as doenças evitáveis - dependem exclusivamente da nossa postura - portanto relacionadas com os nossos actos, sejam os mais simples e comuns, sejam culturais ou religiosos e até tribais, como podemos constatar. Mas, são todos eles actos irrefletidos, negligentes, que se podem pagar muito caro. E como são doenças evitáveis, dependem dos nossos comportamentos mais elementares. Os nossos comportamentos de risco ... que são imensos, relacionados com o país, com a vida da cidade ou a vida do campo, com a organização civilizacional, seja em famílias, em tribos, em bairros, em condomínios, ou de outra forma qualquer. Conhecem e sabem muito bem que existem imensos locais do globo onde os bons costumes ou os bons hábitos sanitários, passam “ao lado” do mundo organizado! E quando estamos perante uma pandemia, esta tem sempre o lado mau - que já vimos, reconhecemos e entendemos - mas tem o lado bom, que será criar um hábito, para uma prática de atitudes comportamentais de sanidade geral adequadas ao momento actual. Não vou aqui divulgar quais essas atitudes do comportamento individual, porque são sobejamente divulgadas na comunicação social e através das instâncias sanitárias oficiais. E essas atitudes de risco não se relacionam apenas com os vírus. Servem para eles ... porque concerteza hão-de vir a nascer muitos mais. Mas servem para toda e qualquer fonte ou foco de risco, existente por todo o lado, ao nosso alcance ... e o “busilis” ou a gravidade do problema está exactamente em querer desafiar esse risco declarado. Com as elementares consequências em poder alastrar e contaminar, muitos “terceiros” e inofensivos cidadãos. E os países da Europa do Sul são aqueles que, na teoria e nos hábitos, mais desafiam ostensivamente estas situações de risco. Basta recordar o nosso número de acidentes de viação ou de atropelamentos em passadeiras. Existem países ou cidades onde ninguém atravessa no sinal do “peão vermelho”, ninguém cospe para o chão, nem joga beatas para o lado. Com os vírus, apesar de serem invisíveis, devia passar-se o mesmo!
Uma maneira de melhorar as atitudes e de evitar comportamentos de risco será apontar e admoestar ou até penalizar, aqueles que os praticam. Afinal, estão a prejudicar o bem comum e a gastar o dinheiro de todos nós. Tratar uma doença evitável pode custar muito dinheiro, mas ninguém faz essas contas! Os cumpridores e os prevaricadores, pagam a mesma coisa nos hospitais e nos centros de saúde, ou seja: nada! Os comportamentos de risco devem ser penalizados e portanto, fiscalizados. Estamos vivendo em democracia, há muito tempo, tempo esse mais que suficiente, para adquirirmos com a maior das naturalidades, atitudes educacionais de protecção das sociedades e não da sua contaminação e deteriorização.
Custa-me dizê-lo, mas ficamos a reconhecer o seguinte: quando não se adquire educação em criança, vamos ter de ser educados pela vida fora! “Sine die”! Triste sina a nossa!
P.S. Será mesmo o racismo o real pretexto para tanta violência absurda e hostilidade contagiante por este mundo fora?