“É fundamental que Portugal tenha um plano coordenado nas principais entradas do país”
Cláudia Monteiro de Aguiar sublinha importância da segurança nas viagens, apela a que haja mais atenção e apoio financeiro ao sector do Turismo e propõe a criação de um selo europeu de certificação sanitária
A eurodeputada Cláudia Monteiro de Aguiar foi a responsável do Partido Popular Europeu pela negociação e elaboração da resolução do Parlamento Europeu ‘Turismo e Transportes em 2020 e mais além’, que será debatida hoje e votada em sessão plenária. Uma resolução que pretende apoiar este sector decisivo da economia europeia, um dos mais afectados pela pandemia, com 6,4 milhões de empregos em risco, na União.
A Resolução relembra que devido às restrições de viagens, impostas pela pandemia, o volume de negócios do Turismo “pode ter uma redução de mais de 70% no segundo trimestre de 2020 e que as necessidades básicas de investimento no sector ascendem a 161 mil milhões de euros, ocupando o primeiro lugar dos diferentes ecossistemas afectados pela crise da covid-19”, explica, vincando que a reabertura e o relançamento do sector do Turismo devem ser apoiados financeiramente em termos de investimento, capital humano e necessidades de inovação tecnológica e de sustentabilidade.
Para a abertura faseada e coordenada das fronteiras internas dos Estados-Membros e destes com países terceiros “são necessários critérios comuns, objectivos e não discriminatórios, com o estabelecimento de um limiar de segurança e da definição de uma taxa uniforme epidemiológica de transmissão baixa, em toda a União, para evitar os denominados corredores turísticos e as medidas unilaterais de certos Estados-Membros face a outros países do espaço ‘Schengen’”, salienta em comunicado a eurodeputada.
Para Cláudia Monteiro de Aguiar “aquilo que está acontecer, nomeadamente através das medidas unilaterais de listagem de países, como é o caso da Grécia e da Áustria que excluem Portugal, deve-se não só aumento do número de contágios, em certas regiões nas últimas semanas – que é preocupante, pois coloca em causa o relançamento do turismo em Portugal como um destino seguro – mas também ao facto do Governo Português não estar a aplicar as recomendações da Comissão e do Parlamento Europeu, onde, por exemplo, há uma total descoordenação de critérios e medidas sanitárias nos aeroportos portugueses, onde cada um tem o seu método de rastreio”.
A Resolução propõe, ainda, que dentro dos Estados-Membros, todos os modos de transportes apliquem protocolos sanitários e de higiene comuns, tal como estabelecido na proposta da Comissão Europeia sobre o Turismo e Viagens, lançada a 13 de Maio, e na recomendação, para a gestão de passageiros e de pessoal da aviação, emitida pela Agência Europeia para a Segurança da Aviação e o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças.
“A interoperabilidade das tecnologias, como as ‘apps’, deverão ser utilizadas como ferramentas de apoio aos turistas e funcionar como sistema de alerta, em caso de uma segunda vaga, mas também devem servir de apoio às decisões das entidades públicas e das empresas do sector”, defende esta Resolução.
No seguimento da aplicação uniforme das normas e protocolos, relativos a medidas de higiene e sanitárias, que devem ser internacionalmente aceites, a eurodeputada propõe ainda a criação de um selo europeu de certificação sanitária, “que deverá distinguir o destino ‘Europa’ dos seus concorrentes e servirá para campanhas promocionais dentro e fora do espaço europeu, para criar confiança nos viajantes”.
Quanto à questão dos reembolsos via vouchers ou dinheiro, Cláudia Monteiro de Aguiar considera que é necessário um equilíbrio entre o direito dos consumidores e os problemas de liquidez das empresas, apelando à Comissão Europeia “para que apresente uma proposta legislativa que permita o reembolso via vouchers e caso não seja possível, que os Estados-Membros criem fundos temporários para compensar os consumidores”.
Para a aplicação destas medidas, mas também para a adaptação do sector às metas climáticas e à agenda digital são necessários instrumentos financeiros adequados da União, e por isso a social-democrata, que é também relatora para a Estratégia do Turismo, lamenta que não haja no programa Next Generation EU “um instrumento de assistência financeira directa e específica, a curto prazo, para resolver os problemas de liquidez das microempresas e das PME, com base no contributo do sector de viagens e turismo no PIB dos Estados-Membros, e uma dotação específica para o Turismo, no próximo quadro financeiro plurianual, para apoiar o sector para o Turismo a médio, longo prazo”.