NATO reforça defesas antimíssil face ao rearmamento da Rússia
Os ministros da Defesa da NATO concordaram hoje no reforço da sua defesa aérea e antimíssil integrada para responder ao crescente arsenal de mísseis com capacidade nuclear da Rússia, mas rejeitaram o seu uso em solo europeu.
“Concordámos num pacote equilibrado de elementos políticos e militares (...). Não responderemos à Rússia e não queremos uma nova corrida aos armamentos, mas manteremos forte a nossa capacidade de dissuasão e defesa”, indicou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, em conferência de imprensa virtual no final de uma videoconferência dos ministros da Defesa da organização.
Na perspetiva da NATO, a rutura em 2019 do Tratado de redução de mísseis nucleares de curto e médio alcance (INF, na sigla em inglês), que os Estados Unidos abandonaram após assegurarem que a Rússia tinha instalado na Europa mísseis SSC-8, assinalou um ponto de viragem e o início de medidas de resposta.
Entre elas, Stoltenberg anunciou que vários aliados vão adquirir novos sistemas de defesa aérea e antimísseis, incluindo baterias Patriot e SAMP/T, e que a NATO fortalecerá as suas capacidades convencionais avançadas e adaptará os seus serviços de informações e os exercícios militares.
“Os aliados estão a investir nestas novas plataformas, incluindo em aviões de combate de quinta geração”, explicou.
O político norueguês sublinhou que Moscovo está também a modernizar os seus mísseis balísticos intercontinentais e que iniciou a utilização em operações do seu veículo de características hipersónicas, para além de outros testes.
Por último, considerou que detetou na Rússia “um padrão de irresponsabilidade retórica nuclear, focado na intimidação e ameaça aos aliados da NATO”.
Na reunião, segundo Stoltenberg, vários países também mencionaram a necessidade de incluir a China nas iniciativas para o controlo dos armamentos.
Em paralelo, o chefe da NATO indicou que os ministros discutiram o anúncio dos Estados Unidos sobre a redução para metade, cerca de 25.000 efetivos, das tropas estacionadas na Alemanha, um assunto “bilateral” mas também “importante para todos os aliados”.
Stoltenberg referiu-se ainda à possibilidade de a missão aliada no Mediterrâneo “Guardiã do Mar” forneça apoio à nova operação da União Europeia Irini, em apoio ao embargo às armas decretado pela ONU à Líbia, e confirmou “conversações” sobre o tema, apesar de “ainda não existir nenhuma decisão”.
Os ministros também abordaram as suas missões operacionais, com Stoltenberg a recordar que o apoio da NATO ao plano de paz no Afeganistão implicará uma redução “de forma ordenada” e em função do decurso do processo, dos seus efetivos de 16.000 para 12.000, e considerará “mais ajustamentos do número de tropas em estreita colaboração com os aliados”.
Em simultâneo, exortou os talibãs a cumprirem os seus compromissos, incluindo a redução da violência e o envolvimento nas negociações políticos inter-afegãs, para além de “romperem todos os laços com a Al-Qaida e outras organizações terroristas”.
“Apenas deixaremos o Afeganistão quando o momento for adequado”, garantiu.
Numa referência à missão de formação das forças de segurança no Iraque, Stoltenberg recordou que a NATO foi convidada pelos dirigentes do país. “Apenas estaremos aí enquanto formos bem-vindos”, afirmou.
Assegurou ainda que os aliados vão manter o seu apoio ao Iraque para evitar um regresso do grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico ao território do país do Médio Oriente.