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Governo francês já não vai banir técnica de estrangulamento utilizada pela polícia

O Governo de França voltou atrás, depois de pressão das forças de segurança, na decisão de suspender a técnica de controlo por estrangulamento utilizada pela polícia, que causou a morte por asfixia do afro-americano George Floyd, nos Estados Unidos.

O ministro do Interior de França, Christophe Castaner, anunciou, em 08 de junho, que a polícia deixaria de utilizar “o método de prender o pescoço [de um suspeito] através de estrangulamento”.

Esta técnica também deixaria de ser lecionada “nas academias de polícia”.

A decisão do executivo francês fazia parte da política de “tolerância zero” contra o racismo, na sequência da contestação internacional contra a morte do cidadão afro-americano George Floyd, em Minneapolis, no Minnesota.

Contudo, a polícia francesa respondeu à decisão do Governo com cinco dias consecutivos de contestação, alegando que a decisão impediria as forças de segurança de utilizar uma ferramenta chave para subjugar suspeitos indisciplinados.

Os polícias franceses também recusaram ser comparados aos homólogos norte-americanos ou a grupos associados à supremacia branca.

O diretor da Polícia Nacional de França, Frédéric Veaux, enviou hoje uma missiva, à qual a Associated Press teve acesso, na qual esclareceu que a técnica de imobilização por estrangulamento deixaria de ser ensinada, mas poderia continuar a ser utilizada “com discernimento” até ser encontrada uma alternativa.

A decisão foi aplaudida pelos sindicatos da polícia em França.

Vários ativistas e legisladores fizeram pressão nos últimos anos para que a polícia francesa abandonasse as técnicas violentas de imobilização, associadas a ferimentos e possivelmente à morte, tais como o estrangulamento ou fazer pressão no peito, e, consequentemente na caixa torácica, do suspeito.

A Governo de França também prometeu que haverá mais elementos das Forças de Segurança equipados com câmaras de vídeo para controlar comportamentos excessivos ou discriminatórios contra minorias.

Vários investigadores revelaram comportamentos racistas no seio da polícia francesa e investigações estão a decorrer por causa de comentários racistas feitos por polícias em grupos privados nas redes sociais Facebook e WhatsApp.

George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis, no Minnesota, depois de um polícia caucasiano lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos, durante uma operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.

Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.

Os protestos rapidamente ganharam dimensão internacional, espalhando-se a Londres, Paris, Berlim ou Lisboa.

Os quatro polícias envolvidos foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi acusado de homicídio em segundo grau, arriscando uma pena máxima de 40 anos de prisão.

Os restantes vão responder por auxílio e cumplicidade de homicídio em segundo grau e por homicídio involuntário.

A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.

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