>
Mundo

Oposição venezuelana acusa o Supremo de fechar portas a eleições livres no país

A oposição acusou hoje o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela de fechar as portas à realização de eleições livres no país, ao ter nomeado, na sexta-feira, novas autoridades para o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

“Somente a Assembleia Nacional (AN, parlamento) nomeia o CNE. Não vamos desistir do nosso direito (...) Eles têm o jogo bloqueado, que ninguém caia em distrações”, escreveu o líder opositor Juan Guaidó na sua conta do Twitter.

Segundo Juan Guaidó, “quando a tirania se torna lei, a rebelião é um direito”.

“Eles impedem a possibilidade de soluções, atacam uma das condições para sair da crise. Revelar-se contra as injustiças é nosso direito”, frisou.

Segundo o partido Vontade Popular (VP), a “manobra” do STJ “é uma repetição do roteiro da farsa eleitoral ocorrida em maio de 2018 (eleições presidenciais)” que agravará a crise no país.

“Quem participe e colabore com a farsa que a ditadura pretende montar promove e é cúmplice da violação sistemática dos direitos constitucionais dos venezuelanos”, explica na sua conta do Twitter.

O VP diz que o Presidente “Nicolás Maduro e o STJ continuam violando a Constituição ao fechar a porta a eleições livres” no país.

Por outro lado, o Primeiro Justiça (PJ) alertou sobre “este novo golpe à Constituição” e acusou o regime de “manter sequestrado” o direito dos venezuelanos “a eleições livres, com a cumplicidade e indolência do generalato corrupto”.

“Exigimos às Forçar Armadas Bolivarianas que cumpra a sua função constitucional e faça respeitar a vontade de milhões de venezuelanos (...) As armas da República não podem continuar ao serviço de um ditador que agrava a tragédia dos venezuelanos para permanecer no poder”, afirma.

O PJ apela para que a “comunidade internacional” acompanhe os venezuelanos que exigem “eleições livres e democráticas” e que “aumente a pressão sobre a ditadura”.

Por outro lado, o Vem Venezuela pediu aos venezuelanos que não se distraiam.

“Isso não é o Tribunal, nem é o Supremo, muito menos transmite Justiça. É o escritório de Maduro nomeando o comité organizador da sua próxima megafraude”, publicou no Twitter.

O partido Ação Democrática (AD) diz não ter proposto ninguém para fazer parte do novo CNE.

“AD não participará em processos eleitorais ilegítimos convocados por um CNE que ninguém reconhecerá nacional ou internacionalmente”, escreveu o secretário-geral desse partido, Henry Ramos Allup, na sua conta do Twitter.

O STJ nomeou, na sexta-feira, as autoridades do CNE, uma semana depois de retirar os poderes da Assembleia Nacional para as eleger e de anunciar que assumiria o processo.

O novo CNE será presidido por Indira Alfonzo. Por outro lado, Rafael Simón Jiménez assumirá as funções de vice-presidente. A nova direção do organismo eleitoral venezuelano terá ainda três reitores principais, Tania D’Amelio, Gladys Maria Gutiérrrez e José Luís Gutiérrez Parra.

Em 05 de junho, o STJ retirou os poderes da Assembleia Nacional para eleger novas autoridades eleitorais, declarando que o parlamento tinha cometido “omissão” e anunciou que assumiria o processo.

A decisão surgiu após um pedido de um grupo de partidos opositores minoritários que se distanciaram do líder opositor Juan Guaidó.

O pedido ao STJ teve o aval dos partidos Esperança pelo Câmbio, Soluções, MAS, Avançada Progressista e Copei (democrata cristão).

A Venezuela tem, desde janeiro, dois parlamentos parcialmente reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, e um pró-Regime, liderado por Luís Parra.

A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino do país, até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um Governo de transição e eleições livres. Guaidó conta com o apoio de quase 60 países.

Fechar Menu