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Bispo de Lisboa defende em Fátima uma economia “que não mate”

Foto Reinaldo Rodrigues/Global Imagens
Foto Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

O bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar, defendeu hoje em Fátima uma economia “que não mate” e apelou à União Europeia para ser uma “verdadeira comunidade humana”.

“A nossa União Europeia terá de perceber que já não basta ser aquela original comunidade económica e política, mas terá de dar o passo seguinte: ser uma verdadeira comunidade humana, mais hospitaleira, determinada no combate solidário às consequências económicas e sociais desta pandemia, decidida no acolhimento de todos e apostada no respeito pela casa comum que todos habitamos”, afirmou o prelado.

Américo Aguiar presidiu no Santuário de Fátima, concelho de Ourém e distrito de Santarém, à celebração da Peregrinação Internacional Aniversária de junho, a primeira com a presença de peregrinos desde o início da pandemia da covid-19.

“Agora, talvez possamos entender melhor a urgência de uma economia nova, de Francisco, que não mate. Agora, talvez possamos entender melhor a urgência destas palavras do Papa Francisco: ‘Dado que tudo está intimamente relacionado e que os problemas atuais requerem um olhar que tenha em conta todos os aspetos da crise mundial, proponho que nos detenhamos agora a refletir sobre os diferentes elementos duma ecologia integral, que inclua claramente as dimensões humanas e sociais’”, disse, citando o líder da Igreja de Roma.

Na homilia, intitulada “Reaprender a gramática da hospitalidade”, realçou que “uma das grandes lições que a Humanidade aprendeu” com a pandemia da covid-19 é que os seus “pequenos gestos podem ter uma consequência não só em relação a quem está próximo, mas também comunitária e mesmo até universal”.

“Todos teremos de reaprender a ‘gramática da hospitalidade’: somos responsáveis pela saúde, o bem-estar, a alegria e a salvação dos outros!”, preconizou o bispo auxiliar de Lisboa, frisando que “a fez hospitalidade é um ato racional permanente de acolhimento do outro”.

Na sua opinião, importa “que a solidariedade europeia não seja uma urgência pandémica, mas uma marca da sua identidade”.

“Que a ajuda entre povos e países europeus não resulte do medo provocado por um vírus, mas seja um ímpeto do humanismo e da matriz cristã que caracteriza o velho continente. Só com essa determinação asseguramos o nosso futuro e o das gerações vindouras, feito cada vez mais do encontro entre povos, culturas e religiões”, acrescentou.

Américo Aguiar defendeu “uma santidade que consiste em acolher com hospitalidade o outro, vítima do efeito socioeconómico desta pandemia”.

“Aquilo que certamente Deus nos pede para esta nova fase da Humanidade, a pós-globalização, é somente isto”, sublinhou.

No início da sua intervenção, o bispo fez uma saudação especial a todas as pessoas e instituições do país que nos últimos meses constituíram a “linha da frente” do combate à covid-19, lamentando ainda a morte de 1.505 portugueses pela doença, até sexta-feira.

Depois do rosário na Capelinha das Aparições, ao início da manhã, as cerimónias da peregrinação terminaram com a missa internacional, no Recinto de Oração, que teve participações em diversas línguas e incluiu a tradicional bênção dos doentes e a procissão do adeus.

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