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Polícias cercados e agredidos

Nem mais. O título que acaba de ler é de uma verdade verdadeira. Constava da primeira página de um jornal de tirada nacional. Por acaso, confesso, só vi isto no formato digital e não li a notícia respetiva. Mas nem preciso para desde logo acreditar.

Por isso, se todas as coisas corressem sempre tão bem na PSP como desejamos, tudo seria muito mais fácil e todos nós como profissionais de segurança pública andaríamos muito mais felizes. Infelizmente não é isso que acontece na mais importante força de segurança em Portugal. Que razões estão por trás desta insatisfação? Quem é o culpado?

Falo concretamente na sequência dos acontecimentos e das bárbaras agressões feitas aos profissionais da PSP ao longo das últimas semanas quase não deixou espaço para refletir adequadamente sobre cada um, mas deu-nos a sensatez de separar os que poderiam merecer mais atenção.

Foi o caso dos polícias cercados durante diligências na Quinta do Loureiro em Lisboa, que terminou em disparos, foi o caso dos agentes, quando cercados por motards, durante o cortejo fúnebre dos três mortos na Segunda Circular, foi o caso dos polícias cercados em Oeiras e acabaram envolvidos em confrontos com os moradores, foi o caso dos agentes cercados no bairro Portugal Novo, nas Olaias, e mais recentemente na nossa ilha, as agressões aos quatro agentes, enfim! Claro que cada um teve a sua própria apreciação sobre cada um deles e certamente nem todos acabaram por chegar à mesma conclusão. É natural. Mas já ninguém pode negar o problema, muito menos a necessidade de o atacar. E como ponto de partida, os grupos parlamentares reconheceram que os polícias merecem uma compensação pelo risco.

Estes acontecimentos não são isolados, é só mais uns no meio de tantos outros. Já virou rotina ouvir falar nos meios de comunicação e nas redes sociais que as agressões e os cercos aos polícias sucedem-se dia após dia e nada é feito para as parar. É realmente alarmante que nos últimos tempos os índices dessa violência vêm aumentando de forma acelerada e sem controlo e são vários os relatos de polícias que sofrem algum tipo de violência.

Mas as agressões tornam-se mais violentas com o passar do tempo, com ataques de armas de fogo, resultando à entrega em 2019 por parte da ASPP, de uma carta aberta ao Senhor Primeiro-ministro, e mais recentemente a apresentação de um conjunto de propostas, a exigir medidas para travar o aumento das agressões. Porquê?

Porque os agressores ficam sempre impunes e sentem que podem fazer o que lhes apetece, que nada lhes acontece. Como tal, continuam a agredir os polícias e são cada vez mais violentos. Se os agressores fossem devidamente condenados e punidos, talvez conseguissem parar esta onda de agressões aos polícias.

Esmiuçando depois um pouco, irão verificar que esta sensação de impunidade se deve as regras de funcionamento pelas quais se pautam os tribunais são, para mim, mistérios insondáveis. Foi o que aconteceu por exemplo com a decisão de uma magistrada do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) da Amadora, num despacho que determinou o arquivamento de uma queixa de agressões contra agentes da PSP, por considerar que chamar “ filho da puta” a um polícia era um “grito de revolta” e desferir um murro num polícia pode ser uma forma de “defesa da força física exercida pelo agente policial”.

Perdoem-me a ironia mas realmente há códigos e léxicos por decifrar que exigem alguma paciência e tempo de reflexão. Mas, com decisões destas, ficamos preocupados, senhores magistrados. Não é que os polícias não acreditam na justiça. Diz o ditado popular que “ a justiça tarda mas não falha”. Só que, muitas vezes, a “ justiça tarda mas não chega”, e não chega porque tarda demais.

É por isso, que desde já há muito que sabemos e sentimos que nos profissionais de polícia, é condenação mais que certa neste nosso Portugal floreado. Os polícias tem sido filhos de um deus menor, cada vez mais, unicamente porque não podemos falhar nem pisar o risco. Basta isto para nos condenar. Quem nos protege afinal?

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