África do Sul retoma economia, com confusão nas escolas e filas nas lojas
A África do Sul começou hoje a reabrir a sua economia, excetuando os setores considerados de “risco” neste que é o país africano mais afetado pela covid-19 e que teve um crescimento acentuado de infeções nos últimos dias.
Após mais de dois meses de fortes restrições, com uma pequena flexibilização em maio, o país está a dar uma pausa à economia, cujos serviços mínimos desencadearam a destruição de empregos e a insegurança alimentar.
As empresas sul-africanas, sempre com medidas adequadas de distância e higiene, podem operar a partir de hoje, com exceção dos setores considerados de risco, como o turismo (exceto para viagens de negócios), cabeleireiro ou restauração (apenas aberto para recolha de alimentos ou entrega ao domicílio).
As fronteiras permanecerão fechadas e o espaço aéreo será reaberto apenas para os voos domésticos com fins comerciais.
“Quando declarámos o confinamento nacional, sabíamos que a sua duração seria limitada. A nossa economia teria de recomeçar e as pessoas e as empresas teriam de recomeçar a ganhar dinheiro. Sabíamos também que o confinamento só iria atrasar, mas não parar a propagação do vírus”, disse no domingo o Presidente do país, Cyril Ramaphosa.
Até 2020, o Banco de Reserva da África do Sul (banco central) prevê que, em consequência da pandemia, a economia sul-africana (já enfraquecida nos últimos anos) sofra uma contração de pelo menos 6%, embora as previsões das associações empresariais sejam ainda mais negativas e falem de uma queda nunca inferior a 10%.
No entanto, o regresso à atividade é suscetível de provocar uma nova aceleração das infeções, como alertaram as autoridades sanitárias.
Até à data, a África do Sul registou 32.683 casos e 683 mortes e é o país africano mais atingido pela pandemia, estando os seus picos epidémicos previstos para agosto.
Com a transição para uma nova fase de desanuviamento, que arranca hoje, foi também planeada a reabertura parcial das escolas, o que provocou protestos da oposição e muita agitação entre uma grande parte da comunidade educativa e dos pais, que alertavam que as escolas não estavam preparadas e que havia um elevado risco para os alunos.
Perante isso, no final do dia de domingo, o Governo decidiu adiar o regresso às aulas para 08 de junho.
Na sequência desta alteração, a ministra da Educação da África do Sul, Angelina Motshekga, pediu hoje desculpa pela confusão causada pelo adiamento à última hora do reinício das aulas em muitas escolas que estavam mal preparadas.
A partir de segunda-feira, a África do Sul também voltou a permitir a venda de álcool, após uma proibição de pouco mais de dois meses.
Isto resultou em longas filas de sul-africanos desde o início da manhã à porta dos supermercados e das lojas de bebidas, com imagens preocupantes da falta de distância de segurança entre os clientes.
A venda de tabaco continua proibida durante esta fase de desconfinamento, uma medida que o Governo sul-africano justifica com a necessidade de proteger a saúde dos cidadãos, apesar das ameaças das empresas tabaqueiras de recorrerem aos tribunais.