Embaixadora da União Europeia pede acordos mínimos para solucionar crise no país
A embaixadora da União Europeia (UE) na Venezuela, a portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, instou hoje os venezuelanos a deixarem as “agendas próprias” e a avançarem para “acordos mínimos”, de forma a solucionar a crise no país.
“A situação difícil no país, com grandes desafios nos campos humanitário, social, económico e político, exige uma solução inclusiva que priorize o entendimento a favor do bem-estar de todos e de acordos mínimos para construir um país melhor”, disse.
Isabel Pedrosa discursava em Caracas, durante o ato que assinalou o Dia da Europa na Venezuela, do qual fez parte um concerto musical digital, transmitido no Youtube e noutras redes sociais.
“Chegou a hora de todos os atores envolvidos deixarem as suas agendas próprias e de colocarem a Venezuela e os venezuelanos à frente de qualquer outro interesse. A UE está preparada para prestar o apoio necessário para construir uma solução pacífica e democrática, liderada pelos venezuelanos”, disse.
Por outro lado, explicou que a covid-19 obrigou a reinventar o quotidiano, o que significou “uma formação intensiva no uso de novas tecnologias, um avanço na alfabetização digital”.
“Perfilam-se múltiplos desafios, além de um inevitável impacto socioeconómico e por isso é necessário, mais do que nunca, um espírito de cooperação”, frisou.
Segundo a diplomata portuguesa, só é possível enfrentar a pandemia com conhecimento científico, mas principalmente, com a solidariedade entre cidadãos e entre nações.
“Desde a União Europeia, coordenámos uma resposta comum para gerir a pandemia, tratando de alinhar as estratégias dos Estados-Membros. Tem sido um processo difícil, que tem testado a unidade e a força da construção europeia”, disse.
Segundo a embaixadora, “a UE está no centro da resposta global ao coronavírus” e lançou, a 4 de maio, uma campanha sem precedentes para mobilizar fundos para prevenir, diagnosticar e tratar a Covid-19, com mecanismos de apoio além-fronteiras.
Lembrou ainda que Bruxelas disponibilizou 918 milhões de euros para apoio aos países da América Latina, incluindo a Venezuela, na luta contra a pandemia.
“Não são recursos novos ou adicionais, mas uma maneira expedita de priorizar e atender às necessidades mais urgentes”, explicou.
De acordo com a responsável da representação europeia em caracas, as atividades dos projetos em curso na Venezuela, com financiamento da UE, estão a ser reformuladas para responderem às necessidades das comunidades perante a covid-19.
“A UE continua sensibilizada e comprometida com o povo venezuelano (...) e prova disso é que se destaca como o maior doador internacional (local), com quase 80 milhões de euros mobilizados entre 2019 e 2020, para atender a população”, disse.
“É graças a esses fundos que a ONU, a Cruz Vermelha Internacional e ONGs internacionais e nacionais, podem realizar um importante trabalho, que frequentemente não recebe a atenção e gratidão que merece”, afirma a diplomata.
A Venezuela tem 388 casos confirmados de covid-19, 10 mortes associadas à doença e, pelo menos, 190 pessoas recuperadas.
O país está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia.
Os voos nacionais e internacionais estão limitados.
Desde 16 de março que os venezuelanos estão em quarentena e impedidos de circular livremente entre os vários estados do país.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 274 mil mortos e infetou mais de 3,9 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de 1,2 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.