Valor a injectar na TAP depende “da ambição da intervenção”
O ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno, disse ontem que o valor a injetar na TAP, companhia aérea cuja atividade quase parou devido à covid-19, dependerá “da ambição com que toda a intervenção venha a ser desenhada”.
Questionado, em entrevista à RTP, se o valor de que a companhia aérea portuguesa necessita rondará os 500 milhões de euros, Mário Centeno afirmou desconhecer, adiantando que não há “sequer muita clareza sobre o faseamento dessas necessidades, que são, obviamente, importantes acautelar”.
“Não sabemos, depende um pouco do cenário que for traçado e eu diria, no final do dia, da ambição com que toda esta intervenção vier a ser desenhada”, referiu o governante com a pasta das Finanças.
Mário Centeno acrescentou que o Governo se reunirá hoje com a Comissão Executiva da TAP, que é liderada por Antonoaldo Neves, e reiterou “o papel estratégico insubstituível” da companhia para Portugal.
“A responsabilidade com que o Governo tratou todas estas questões vai manter-se”, garantiu o ministro, acrescentando que “o dinheiro dos contribuintes é algo inviolável e vai, obviamente, ser levado em conta”.
O governante não excluiu a hipótese de nacionalização, alinhando-se com os restantes membros do Governo, dizendo também que as questões estratégicas da TAP “colocar-se-ão, mas não neste instante, porque há muita incerteza sobre o que vai acontecer” no setor da aviação.
Mário Centeno relevou “a defesa da companhia, mas também a defesa do interesse do Estado enquanto acionista”, mas lembrou que “não é o Estado acionista que vai dar empréstimos à TAP, é o Estado enquanto Tesouro e esse é muito importante preservar”.
O primeiro-ministro, António Costa, assegurou na quinta-feira que só haverá apoio à TAP com “mais controlo e uma relação de poderes adequada”, mas assegurou que a transportadora aérea continuará a “voar com as cores de Portugal”.
“O Estado não meterá - nem sob a forma de garantia, injeção de capital ou empréstimo - um cêntimo que seja na TAP sem que isso signifique mais controlo e uma relação de poderes adequada a esse apoio que vier a conceder”, garantiu o primeiro-ministro.
Atualmente, devido à pandemia de covid-19, a TAP tem a sua operação suspensa quase na totalidade e recorreu ao ‘lay-off’ simplificado dos trabalhadores.
Desde 2016 que o Estado (através da Parpública) detém 50% da TAP, resultado das negociações do Governo de António Costa com o consórcio Gateway (de Humberto Pedrosa e David Neeleman), que ficou com 45% do capital da transportadora.
Os restantes 5% da empresa estão nas mãos dos trabalhadores.