Estado de emergência terá tido impacto de 49% nos dados fixos
A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) estima que, em termos médios, o estado de emergência devido à pandemia de covid-19 tenha tido um impacto de 49% nos dados fixos, foi hoje divulgado.
“A evolução do tráfego de voz e dados de comunicações eletrónicas sofreu alterações significativas devido à covid-19 e às medidas excecionais e temporárias associadas a esta doença”, refere o regulador, em comunicado.
“Na semana de 09 a 15 de março, na sequência da declaração de pandemia e das primeiras medidas tomadas pelo Governo e pelas entidades públicas e privadas, o tráfego de dados aumentou 24% face à semana anterior, enquanto o tráfego de voz aumentou 21%”, prossegue a Anacom.
Na semana de 16 a 22 de março “entrou em vigor o estado de emergência e o tráfego voltou a crescer face à semana anterior, tendo aumentado 16% no caso dos dados e 32% no que respeita à voz”, acrescenta o regulador, apontando que “foi nesta semana que se registou o volume mais elevado de tráfego de voz (59% acima do valor registado na semana de 02 a 08 de março)”.
“Estima-se que, em termos médios, o estado de emergência tenha tido um impacto de 49%/semana no tráfego de dados”, sendo que “o pico de tráfego de dados foi registado na semana de 13 a 19 de abril”, destaca.
Em termos de tráfego de voz, o impacto inicial do estado de emergência foi de 41%, sendo que nas semanas seguintes iniciou “uma trajetória descendente, encontrando-se ainda cerca de 20% acima do tráfego do período” pré-pandemia.
“As medidas excecionais e temporárias adotadas para fazer face à covid-19 resultaram também em alterações dos padrões de consumo”, salienta o regulador.
No caso da voz, “contabilizou-se um significativo crescimento do tráfego de voz fixa (por exemplo 61% na semana de 16 a 22 de março face à semana de 02 a 08 de março), que contrasta com a redução verificada em anos anteriores, e um crescimento também significativo, embora mais moderado, da voz móvel (42% no mesmo período)”.
Apesar do aumento do peso relativo da voz fixa em todo o período do estado de emergência, “a voz móvel continuou a ser cerca de sete vezes superior à voz fixa”.
Em termos de tráfego de dados, são os fixos que “têm contribuído para o crescimento verificado”, estimando-se que, em média, “o tráfego de dados fixos tenha aumentado 59% em resultado do estado de emergência, enquanto no caso dos dados móveis este impacto tenha sido de 9%”.
O tráfego de dados fixo “tem sido mais de 20 vezes superior ao tráfego de dados móveis, quando, no período anterior às medidas excecionais e temporárias, era cerca de 14 vezes superior”, aponta a Anacom.
“O tráfego de dados móveis cresceu nas primeiras quatro semanas do estado de emergência, tendo depois descido para valores inferiores ao da semana anterior à declaração de pandemia (semana de 02 a 08 de março)”.
A Anacom destaca que “os maiores prestadores ofereceram aos seus clientes 10 GB [Gigabyte] de dados móveis no início do período em que vigorou o estado de emergência”.
Portugal entrou no domingo em situação de calamidade, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.